quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Canseira ou preguiça?????

Tô só o quimba!!!!!!!
Cansado...
Cansado nada, mal acostumado a fazer nada!
Pior é que tem que pintar o terrraço e...
Nem vontade...
Nem paciência!
Mas se Deus quiser, esse marasmo passa!
Até pq nem sou só eu, é todo mundo.

Se duvidar, é só ver se vc dá conta de ler o "Robertinho"!
Grande, esse é poste!!!

Daí, fiz um trato comigo mesmo:
O dia que alguém ler o "Robertinho", todinho, e fizer um comentário, vou começar a pensar em outro texto pra escrever!
Sabe Deus qdo, sabe Deus com que inspiração!
Mas vamo que vamo!
Agora tem que girar o velocímetro do ano!!!
Faltam 5 dias!
Que venha 2008, e tudo de bom que ele puder proporcionar!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Robertinho

Robertinho era o menino perfeito.
Primeiro lugar em tudo, sempre ligado, prestativo, educado e inteligente, nunca faltavam adjetivos para o garoto.
Na escola, ele sempre ajudava a professora e respondia na ponta da língua qualquer pergunta que lhe fizessem. E nem precisava de muito para ser assim: duas horas de estudo, por dia, bastavam! Na verdade, sobravam! O menino costumava até adiantar as leituras dos capítulos posteriores dos livros para estar mais inteirado dos assuntos que seriam ainda ministrados.
Religiosamente, Robertinho fazia de tudo para estar à frente dos outros: um menino de ouro!
Todos diziam.
Como nem tudo é perfeito, havia um problema na vida de Robertinho e esse problema atendia pelo nome de Peterson. Não era um inimigo propriamente dito, mas Robertinho não podia estar perto do tal garoto que o mesmo dava um jeito de incomodar. Não que aquilo fosse assim, de propósito, mas definitivamente Robertinho não o suportava.
Seria inveja?
Provavelmente não, já que Robertinho era perfeito!
Mas as coisas que Peterson fazia, embora deixassem Robertinho de cabelo em pé, eram engraçadas, diferentes, questionáveis e, ao mesmo tempo, geniais.
Se a professora desse um fora, enquanto Robertinho buscava uma alternativa para ajudá-la e corrigi-la, ao mesmo tempo, sem deixá-la em maus lençóis, o tal do Peterson, de pronto, já soltava uma frase que deixava todo mundo a par do erro da coitada da professora, ao mesmo tempo em que a corrigia e colocava-a acima de qualquer suspeita. Uma cumplicidade que deixava dúvidas se os dois não tinham combinado tudo com antecedência. E a professora ficava feliz, pois se saia bem, os alunos riam e não debochavam dela. Robertinho ficava boquiaberto e sem ação com a presença de espírito e o senso de oportunidade do Peterson.
Se acontecesse algo na sala e uma menina se sentisse triste, enquanto o Robertinho pensava no que dizer para consolá-la, o Peterson já estava em cima e, antes que Robertinho desse pela coisa, a menina já estava rindo, junto com o intrometido, com o falso, com o oportunista, o tal Peterson!
Pelo menos era isso o que Robertinho pensava.
O tempo foi passando e a presença do Peterson se espalhou por todos os caminhos que o Roberto pensava percorrer. Quando Robertinho pensava em gostar de alguém, logo vinha a notícia: o Peterson já pegou ela também!
Que cara galinha! pensava o Robertinho, mas na verdade ele se coçava por dentro e ficava possesso com a idéia de ficar com as sobras de alguém, principalmente do Peterson.
Bom de bola, Robertinho era o artilheiro de sua turma, de sua rua e da escolinha de futebol aonde ia, no final da tarde.
Impiedoso, Robertinho rarissimamente perdia um gol. Seu time até podia perder, mas seu golzinho sempre ficava registrado, na súmula.
A fama dele era conhecida até em outras cidades satélites.
Já tinha treinado no Gama e estava agora em observação por olheiros do Corinthians.
-Esse menino vai ser profissional! Diziam os professores de Educação Física.
Um dia, um jogo normal, amistoso entre duas escolinhas de futebol, pronto para marcar mais alguns gols, já de uniforme e aquecido, Robertinho viu aparecer uma criatura magra, de mãos enormes, com uniforme de goleiro e luvas, pronto para entrar em campo também e, percebeu que aquela criatura era muito parecida com o, com o, seria possível?
Um pouco mais perto e . . . ai meu Deus, é o Peterson!!!
Robertinho viu sua vida passar a sua frente, toda a raiva e a antipatia que sentia pelo rapaz vieram à tona e ameaçaram transbordar:
E eu achando que aquele idiota não jogasse nada!
Que no prazer do meu lazer ele nunca incomodaria.
E logo no gol, isso é que é perseguição!
Coincidência ou não, lá estavam eles em seu duelo fatal:
Robertinho artilheiro e Peterson goleiro!
Começa o jogo, Robertinho vai para o ataque, sua posição e, ao lado de Peterson, ele ouve: oi, Robcertinho!
É inacreditável, será possível?
O que foi que você disse?!?
Antes que o Peterson repetisse, a bola quica quase na frente dos dois e sai pela linha de fundo. Murmúrio geral, o treinador grita:
-Roberto, presta atenção no jogo!
O jogo segue, Robertinho se concentra: aquela criatura não vai me atrapalhar não, eu sempre fiz meus gols, nunca tive problemas com isso!
De repente, um lançamento daqueles perfeitos, no pé do Robertinho: uma quicada de bola, um toque leve, um chapéu desconcertante e o zagueiro cai, quase lá fora do campo, a bola volta magicamente para os pés de Robertinho que a domina, coloca a danada no chão e parte pra cima, pra cima, pra cima do . . .do Peterson.
Completamente mal posicionado, sai do gol aquela criatura desprezível, desengonçada, gritando igual a um louco e Robertinho tentando entender o que ele fala, perde o passo, perde a bola e o abominável Peterson cai desajeitadamente sobre a dita cuja.
Dessa vez os colegas reclamaram:
Puxa Robertinho, 1 a 0 pros caras e tu perde um gol desses!
Robertinho nem sabe o que dizer.
A única coisa que o atormenta é: o que foi que o Peterson gritou, na hora que eu perdi a bola?
- Quem é Peterson cara? Presta atenção!!!
Ninguém sabe, ninguém deu bola, todo mundo tava crente demais que o Robertinho ia fazer o gol pra prestar atenção no que o goleiro do outro time havia gritado.
Robertinho respirou fundo e pensou: não é nada demais, é só eu me concentrar e fazer o que eu sei, fazer os gols que eu nunca deixei de marcar, eu sou bom nisso e ninguém vai tirar isso de mim...
- Olha a bola aí Roberto! Pô cara, eu toquei a bola no seu pé! Que que tu tem? Só porque o cara do Corinthians tá aí hoje?
- O olheiro do Corinthians tá aí hoje???
Desesperou-se Robertinho e quase desmaiou.
Só não fez feio porque acabou o primeiro tempo.
Intervalo de jogo, bronca de todo mundo em todo o time: 1 a 0.
Mas ninguém ainda desvairado, o placar é fácil de reverter pra quem tem o Robertinho.
Depois das dicas do técnico, todo mundo de volta pro campo. De rabo de olho, Roberto percebe uma figura com uma camisa alaranjada, daquelas de doer o olho, olha contra o sol e vê que se trata do goleiro do outro time: não é mais o Peterson, ai que bom, agora é outro cara de boné verde e camisa laranja. Assim vai ser mais fácil de desencantar, sem neura, sem nervosismo, sem o Peterson!
O jogo reinicia.
Robertinho corre pra frente.
Numa trama de toques, vêm avançando, desconcertantes, os companheiros de Robertinho, eles vêm arrasando o time adversário e, num toque perfeito, passam a bola e Robertinho vê a oportunidade de se redimir.
Com calma, mata a bola, dá uma ajeitadinha de lado pra bater e partir pro abraço, a felicidade brilhando nos olhos, dá uma última conferida pra não bater em cima do goleiro e chut...
Peterson???
De boné verde e camisa laranja, por que você trocou de roup...?!?
Quase nem dá tempo de terminar o pensamento e um daqueles zagueiros animalescos leva Robertinho, a bola, um meio quilo de grama e umas três minhocas daquelas bem grandes e marrons pra bem longe do gol, pra catar cavaco no chão!
No vestiário, depois do jogo, Robertinho ouve alguém dizer:
- Acho que ele está em estado de choque!
Ele quem?!? pensa o Robertinho.
E, quando levanta a cabeça, vê sua mãe entrando e, desesperada, dizer, jogando-se em cima do menino:
– Você tá em estado de choque, meu filho, fala comigo pelo amor de Deus! Você sempre foi tão saudável, nós vamos pro hospital agora mesmo, vamos fazer uma tomografia computadorizada! Ele bateu com a cabeça, treinador?
–Não, ele perdeu um gol, sofreu uma falta e depois disso ficou meio apalermado no meio do campo, acabei tendo que tirá-lo do time se não, a gente ia perder feio!
Robertinho nunca tinha imaginado que tudo aquilo tinha ocorrido com ele.
Depois da falta, a única coisa que ele lembrava era do Peterson ter perguntado se ele tinha se machucado.
O Peterson! Tanta gente em campo e logo o maldito Peterson que veio perguntar isso pra ele.
-Meu filho, quem fez isso com você?
– O Peterson, mamãe!
- O Peterson não era o goleiro? pergunta o treinador.
-Era!
-Então não foi ele não! Foi o zagueirão, um tal de Clóvis, que eles chamam de Tourão.
A mãe do Robertinho levou o menino pra casa, fez um chazinho, deu um remedinho pra ele relaxar e dormir.
Semana seguinte, não se falava de outra coisa a não ser sobre o jogo da revanche. Robertinho começou a sentir-se preocupado e a andar cabisbaixo por onde ia. Enfrentar o Peterson, de novo, seria uma chance de redimir-se e de se auto-afirmar. Mas, e se tornasse a confundir-se em campo? Não, esse pensamento tinha que ser definitivamente anulado e desconsiderado.
Dia do jogo, todo mundo no campo, Robertinho procura e nada do Peterson: que bom, sem ele é mais fácil!
Tudo pronto, todos colocados em suas posições, o juiz aguarda alguma coisa, será...? Isso mesmo, boné verde e camisa alaranjada, corrida desengonçada, mãos enormes, só pode ser o...
–Oi, Peterson! (como é que eu fui cumprimentar essa coisa!)
- E aí, Robcertinho, tava procurando meu boné verde, ele me dá sorte: o olheiro do Corinthians me elogiou e voltou hoje pra ver minha atuação.
O mundo do Robertinho desabou. Se o Peterson tivesse atirado nele com um revólver, o efeito teria sido menos devastador.
Robertinho decepcionou tanto que foi substituído na metade do primeiro tempo.
Pra não dizer que ele não fez nada, com uma cabeçada ele acertou a trave.
Muito bom se não tivesse sido a sua própria.
Perdido em campo, atrasado, desengonçado, enfim, uma menina em campo, daquelas que fazem escova e unha pra ir jogar futebol.
Dali em diante, Robertinho não seria mais o mesmo, jogar futebol pra ele se tornara uma amargura, uma façanha que exigia um esforço fora do comum. Mesmo quando jogava contra times diferentes, parecia que ele via alguém, propositalmente de camisa laranja e boné verde na torcida, e ai, era um Deus nos acuda.
Um certo dia, na reserva, Robertinho vê chegarem alguns novos alunos na escolinha e, adivinhe quem estava entre eles?
Isso mesmo, o Peterson.
Inicialmente Robertinho tremeu, pensou em largar a escolinha ali mesmo, desistir.
Se é difícil jogar contra o Peterson imagina junto com ele!
Mas uma luz tocou Robertinho, se você não pode contra o inimigo, junte-se a ele.
É muito mais fácil ter o Peterson no meu gol e fazer gols em outros goleiros, que fazer gols no Peterson!
Maravilha!
Desse dia em diante, Robertinho recuperou seu futebol, sua confiança e seus gols.
Juntos, o bem e o mal eram imbatíveis.
Elogios vinham de todos os lados.
A torcida era só alegria.
O olheiro de volta ao campinho e pintou novamente a chance de ir jogar no Corinthians.
Junto com o Peterson, é claro.
Campeonato seguindo, vitória atrás de vitória, time em muito boa fase, jogos cada vez mais difíceis e então, em um treinamento, o técnico decide fazer um coletivo: reservas contra titulares! Melhor ainda: defesa titular contra ataque titular, para testar e treinar bem as duas partes do time.
E quando Robertinho se vê de frente ao Peterson, tudo volta ao caos!
O técnico briga, grita, xinga e nada.
A articulação de equilíbrio parecia que tinha se perdido no passado.
Alguém tem a infeliz idéia de comentar:
-O Robertinho não dá conta de fazer gol no Peterson!
Quase deu briga, Robertinho avançou sobre o infeliz e inoportuno comentarista, uma galera teve que segurar a onda e o entrevero ficou só nos entrementes.
Todo mundo pra casa, escola no outro dia e Robertinho começa a perceber que alguns colegas falam alguma coisa, apontam pra ele e riem.
Será que a minha braguilha está aberta?
Será que eu estou com a camisa fora da calça?
Que estranho!
Cada vez mais ele se deixa incomodar e o bochicho vai aumentando.
- O Robertinho só joga futebol se não estiver jogando contra o Peterson!
Alguém deixou escapulir em voz alta, na sala de aula, o que se falava nos corredores.
E agora???
Acabara de saber que era motivo de chacota e de comentários levianos.
Comentários maldosos por causa do Peterson!
O que fazer?
Pensando bem, àquela altura, era melhor fazer de conta que nada estava acontecendo, afinal o Peterson continuava do mesmo lado que ele, os gols continuavam a sair e o olheiro do Corinthians tinha pedido ao técnico do time o telefone de sua mãe.
Quanto menos bandeira eu der, melhor, pensou.
Mas os comentários não paravam, aquilo definitivamente o incomodava.
Meninos e meninas, professores, bedéis e coordenadores lançavam comentários às escondidas. Sempre que duas ou mais pessoas conversavam, em um tom mais baixo, Robertinho tinha certeza que era dele que falavam.
Devo ficar na minha, quanto menos as pessoas perceberem que isso me incomoda, menos vão comentar...
Mas a tática do Robertinho parecia não funcionar e isso foi se tornando de tal forma desconcertante, que Robertinho passou a ir e voltar da escola a pé, pois lhe parecia que todos no ônibus falavam de sua impotência diante do magnífico goleiro.
-É pra melhorar o meu preparo físico e pra sobrar dinheiro pro lanche!
A pé é mais saudável, dizia desesperado o menino, com medo que alguém percebesse sua irritabilidade diante dos supostos comentários.
Então, apesar da neura, o time seguia vencendo. Faltava um jogo para a decisão final dos jogos regionais e foi aquele massacre, 3 a 0!
Pra uma semifinal, estava mais que perfeito.
Para a grande final, instalou-se um verdadeiro circo!
Brigas, apostas e tietagem faziam parte dos bastidores do jogo.
O diretor da escola pediu que fosse feita uma reportagem pro jornalzinho, enaltecendo os atletas da escola que, provavelmente, seriam campeões. O repórter veio, todos muito à vontade, conversaram, brincaram, contaram vantagem, com direito até a falar o popular “futebolês”:
- Nós acreditamos que o jogo será difícil, mas vamos "nos unirmos" e somar para vencer um adversário que respeitamos muito!
Apesar de errada, e frase era linda!
Essa seria a frase que demonstraria a todos a maturidade e a competitividade esportiva da equipe.
No dia da distribuição do jornal, esperado pra caramba, quando Robertinho vem chegando a pé na escola, dá de cara com o Peterson que vem em sua direção, correndo igual a um louco e gritando:
- Veja, Robcertinho, nós estamos na capa!
Robertinho não acreditava, capa do jornal, que máximo!
Peraí, nós? Como assim nós?
Robertinho toma o jornal das mãos enormes de Peterson e lê ansioso o título da matéria: "Robgol e Peterson: uma dupla imbatível!"
As pernas de Robertinho bambearam, ele suou frio, engoliu seco, parou e pensou, o que será que eles quiseram insinuar com isso? Será que há algum comentário no sentido de me desmerecer? De dizer que sou dependente desse infeliz, que não sei jogar contra ele???
-Você tá bem?!? perguntou o Peterson.
Robertinho largou o jornal e cambaleando disse:
-Está muito seco, vou voltar pra casa.
-Mas choveu ontem, lembrou Peterson.
Eu acho que eu deixei o fogo da leiteira aceso! Murmurou quase que de forma incompreensível e saiu correndo, o coitado do Robertinho.
Era sexta feira e o jogo final seria domingo.
Melhor assim, pelo menos só teria uma falta na escola e não levantaria suspeitas até o dia do jogo.
Na missa de domingo, percebeu que as pessoas olhavam pra ele, apontavam e comentavam, muito provavelmente comentários relacionados ao jogo, mas aí voltaram as dúvidas e o desespero:
O que será que estava escrito no jornal?
As pessoas estão rindo de mim ou pra mim???
Meu Deus, e agora?
E o monstro dos murmúrios voltou a assombrar o Roberto.
Muito!
Exageradamente!
O que mais o corroía era imaginar que o jornalzinho da escola tinha contado o segredo mais temido que alguém pudesse ter: o calcanhar de Aquiles, a kriptonita do Superman, o Peterson do Robertinho. Será que alguém realmente teria feito isso?
Hora do jogo, Robertinho estava apreensivo, preocupado e, deixava isso transparecer de tal modo, que as pessoas começaram a perceber. Seu técnico o chamou até um dos boxes do vestiário e deu-lhe uma bronca daquelas, que se ele não se sintonizasse, se ele não mudasse a atitude, ele não iria jogar:
-Eu não vou arriscar a final do campeonato com aqueles momentos de bobeira que você tem! Tá ouvindo!?!?
-Tudo bem, não tem nenhum problema comigo não, eu estou cem por cento, pode ficar frio.
Todos entraram em campo, ovacionados, com direito a foguetes, bandeiras, uma festa maravilhosa.
Começa o jogo, o time adversário armou uma retranca daquelas, tentam de um lado e nada; tentam do outro, ta difícil; pelo meio, é impossível!
O tempo vai passando e o nervosismo começa a tomar conta de alguns dos companheiros de time.
Robertinho respira fundo e vai até o Peterson, que tinha acabado de fazer uma bela defesa. Peterson solta a bola no pé de Robertinho, que sai da área, cabeça erguida, procurando um companheiro para tocar a bola, não vê ninguém bem posicionado, vai conduzindo a danada, chega ao meio de campo e sabe que, de agora em diante, a marcação é mais cerrada; dá uma nova olhada, ninguém aparece para receber; um adversário dá combate, mas com um toque e uma passada de perna sobre a bola, Roberto se livra do primeiro, também do outro adversário que vem em cima, mais afoito, mais apavorado, descontrolado, deixando o drible mais fácil ainda. Uma leve mudança de direção e o infeliz passa direto, igual a um caminhão desgovernado. Robertinho segue, com a pelota obediente a seus pés. Outro marcador vinha na cola deste segundo, Robertinho não esperava, os dois se esbarram, a bola rebate nos dois e sobra na frente do Roberto. Deslizou por todo o campo, agora está praticamente no final: meia lua, só mais um zagueiro e o goleiro . . .
Roberto toma confiança, as torcidas do campinho fazem silêncio, ele olha o goleiro que vem, desesperado, por trás do ultimo zagueiro. Pára a bola, prende-a no meio dos pés, dá um pulo e arremessa-a por cima dos dois infelizes; corre leve e faceiro, recebe-a do outro lado e já começa a ouvir o grito de golaaaço, um leve toque para o fundo das redes, não, uma paradinha com a bola em cima da linha, beijinhos para a torcida e um chutaço, daqueles de desabafo: Goooooooooooolllllllllllll!
O campinho quase vem abaixo, a torcida adversária acaba aplaudindo, não restava nada a fazer, foi um gol de placa. A mãe de Robertinho invade o campo para beijar o filho, o pai se senta no chão e chora desavergonhadamente, puro orgulho. O jogo demora quase cinco minutos para recomeçar.
Tudo truncado outra vez, eles agora têm que vir pra cima, devem abrir a defesa.
Acaba o primeiro tempo e, tudo tranqüilo, ficou 1 a 0 pro time do Robertinho e só faltam 45 minutos para ser só alegria, só comemoração. Todos vêm pra cima do Robertinho, cumprimentam, gritam seu nome, até mesmo o Peterson o parabeniza, um verdadeiro tumulto em volta do herói do jogo: a bola da vez naquele primeiro tempo. Todo mundo conversando e falando ao mesmo tempo e Roberto identifica algumas palavras:
Golaço!
Que dupla!
O Peterson mandou legal!
Foi o passe do Peterson que começou toda a jogada!
Peterson, o que é que estão falando do Peterson?
Eu faço um golaço desses e as pessoas ainda falam no Peterson?
O que foi que ele fez?
Jogou a bola pra mim, com as mãos!
Se fosse ao menos um lançamento em profundidade, feito com os pés, mas...
Robertinho ficou indignado, porém ele mal imaginava que tudo estava apenas começando.
No vestiário, todos atentos ao treinador, que dá todas as dicas para poder segurar o placar, ou ainda, na melhor das hipóteses, cavar mais emoções, e repetir o primeiro tempo. Dadas as instruções, todos se levantam e alguém faz o infeliz comentário: Vamos nessa Peterson, o jogo está em suas mãos!
Robertinho fica fulo: nas mãos do Peterson? Isso é um absurdo, eu faço o gol que deveria fechar de vez esse campinho, com placa comemorativa e tudo, dou de mão beijada pro meu time o gol da vitória, fiz ele sozinho, driblei praticamente o time adversário inteiro e vocês vêm dizer que o jogo está nas mãos do Peterson???
Todos olham pra trás, boquiabertos, parados e estupefatos com a declaração do Robertinho que diz: desculpa, eu tava pensando alto, por favor, eu não queria dizer isso.
O time fica revoltado.
Um comentário desse tipo, em dia de final, pode desestruturar toda a equipe, berrou o técnico lá da frente do grupo.
Robertinho se desculpa novamente, mas seus pedidos de desculpa parecem acontecer em vão.
Tudo culpa desse tal de Peterson, eu nunca fui tão preocupado assim com essa tal “individualidade”, como é que pode um sujeito sozinho me desestabilizar tanto assim, eu preciso me conter, preciso reprimir estes instintos primitivos que só o Peterson consegue fazer aflorar.
Com esse pensamento Robertinho entra em campo, faz o sinal da cruz e promete pra si mesmo que vai se controlar.
O jogo começa, uma trama de toques vem ocorrendo para cima do time adversário, Robertinho se posiciona bem, em posição legal, o ponta dribla o lateral e parte para o meio e bem à sua frente, já antevendo o sucesso, está o Robertinho, um toque e certamente ele poderá finalizar, não poderia estar melhor colocado. O ponta olha pra Robertinho e dá um toque, encobrindo o atacante, lançando para o outro ponta, lá do outro lado.
_Ué, você não me viu aqui não! perguntou Robertinho e o lateral fez de conta que nem ouviu.
Outro ataque, agora Robertinho tá na área, sozinho, é só cruzar e ele pode cabecear pra marcar. O lateral olha, vê o Robertinho sozinho e recua a bola para o meio de campo.
_Que porcaria é essa! grita desesperado o técnico.
Vocês não estão vendo o Robertinho não???
E o Robertinho ainda completa:
_Pô, eu tô aqui sozinho!
Então ele não acredita no que ouve:
_Você não resolve sozinho? Vai lá na defesa buscar a bola!
Que chateação!
Por mais que ele tenha pedido desculpas, o time não engoliu bem a idéia de que ele seria a estrela do jogo.
Mas também, que idéia a dele de pensar alto, bem na hora do intervalo, pro time todo ouvir!
Qual, a culpa não era dele! Era culpa do Peterson.
Naquele instante Robertinho vê seu pensamento ecoar:
“Peterson, Peterson, Peterson, Peterson!”
Que porcaria é essa, será que eu estou endoidando?!?
Onde já se viu, ficar repetindo o nome desse anormal na minha cabeça?
Na verdade, quem repetia o nome do Peterson várias vezes era a torcida.
Robertinho estava tão desligado com seus pensamentos, que nem viu a maravilhosa defesa que o Peterson havia acabado de realizar.
A torcida gritava, tão empolgada, que deixava o Robertinho ainda mais atordoado,
Será que essa defesa foi tão maravilhosa assim? Será que essa torcida não tá empolgada à toa, só porque é final de campeonato?
Então, ele dá uma olhada na torcida e vê até sua mãe, empolgada com a defesa do Peterson e gritando aquele nome desprezível.
Não, pelo amor de Deus, minha mãe não! Aí já é demais!
O time adversário bate um escanteio e o zagueiro do time de Robertinho acaba cortando o cruzamento com a mão. Pênalti!
Sem chances, Robertinho, como capitão do time, corre até o juiz para reclamar, mas ouve:
_Roberto, o pênalti foi gritante, não dá nem pra discutir, retruca o juiz.
E Robertinho ainda ouve do zagueiro que fez o pênalti:
_ Se você não estivesse lá na banheira só esperando a bola, se estivesse ajudando aqui, na defesa, isso não teria ocorrido!
Robertinho engole seco, mas sabe que não dá nem pra brigar, afinal todos estão magoados com os comentários que ele fez no intervalo.
De repente, ele sente um tapinha nas costas e ouve:
_ Pode deixar que eu vou pegar!
Era o Peterson.
A torcida continuava a gritar o nome do idiota, desesperada, naquela ânsia de empolgá-lo para que ele, inspirado, defendesse o pênalti.
Mas Robertinho duvida: até parece!
Esse idiota não pega nem frango aleijado no galinheiro, acha que vai pegar o pênalti?
E não é que o tal do Peterson dá uma senhora ponte, daquelas de fotografia e defende o pênalti? Gritaria geral, a torcida vai à loucura!
Todos gritam o nome maldito.
Robertinho começa a ver ali a sua chance de ser o herói do jogo ir por água abaixo.
Graças a toda aquela gritaria, ninguém ouviu, ou não queria ouvir, o apito do juiz, mandando voltar a jogada, pois ele dizia que o Peterson havia se mexido antes da cobrança.
Ufa, pensou o Robertinho, agora esse idiota leva o gol, eu faço outro e as coisas viram para o meu lado de novo.
Um berreiro estranho vindo do banco de reservas incomoda o Robertinho, ele olha e vê o técnico, gritando desesperado para que o capitão (o Robertinho mesmo) reclamasse com o juiz. Robertinho pensa em ir, pára, pensa na sua volta por cima e grita para o técnico:
_Mas ele mexeu mesmo!
O time todo pára, o técnico joga o boné no chão e pisa em cima, a torcida dá até uma calada, ninguém acredita que o capitão do time admite uma falha assim, sem nem argumentar, sem nem ao menos tentar reverter a situação.
A bola vai pra marca do pênalti, de novo.
Escalam um zagueirão de 1,90m de altura que se aproxima da bola e Robertinho antevê a cena: Meu Deus!!!
Ele não!
Um zagueiro???
Ele vai perder esse pênalti!
Pior, essa besta desse Peterson vai pegar e vai ser aclamado de novo!
O zagueiro dá uma ré de uns 5 metros, chega à linha da meia lua.
Robertinho, ansioso, torce com a cumplicidade da sua raiva, inconformado com o rumo que o jogo tomou: gol, gol, gol, gol . . .
Fecha os olhos, ouve o chute, um barulho seco, não é o barulho da rede.
Abre os olhos e vê a bola estourar no peito do Peterson, derrubá-lo e vir em sua direção.
Sem tempo de reagir, vê a bola bater em sua cabeça e cair no pé do atacante adversário, que aproveita a momentânea sorte de poder chutá-la em direção à área de gol, livre, sem a presença do goleiro que não tivera ainda como se levantar.
O lance veloz deflagrou o gol e o temido empate.
A torcida do time adversário é só comemoração!
Muita gritaria: uma mistura de alegria e riso.
Robertinho se volta pra torcida adversária e vê pessoas que apontam pra ele e riem, freneticamente.
Um tapão na cabeça e alguém de seu time diz:
-Vamos senhor revolve tudo, tá na hora de você entrar em ação, já que você não consegue nem ao menos dar um bicão pra fora, pelo menos tenta amenizar a "merda" que você fez.
Merda, que merda?!? pensa Roberto.
A mãe do Robertinho grita pra ele:
-Vamos meu filho, você consegue dar a volta por cima!
Ele olha e vê o pai chorando e falando, ao mesmo tempo. Sem entender, chega perto da beirada do campo e diz:
-O que foi que aconteceu”??? Por que o pai está chorando???
O técnico grita:
-Você tá entregando o jogo! Você podia ter mandado aquele rebote pras nuvens e, ao invés disso, tocou a bola pro atacante do outro time!
Você tá ganhando dinheiro pra entregar o jogo Roberto???
Mesmo apesar de tentar negar, a aclamação de seu nome pela torcida adversária fez Roberto cair na real, ele realmente tinha tocado a bola para o outro atacante.
-Que vergonha, como é que pode?
Eram assim os murmúrios que ele ouvia, vindos do lado onde se encontrava seu pai, encolhido em meio a sua torcida que fazia silêncio para que os murmúrios do pai de Roberto se destacassem ainda mais.
Outro berreiro, de novo, com o nome do Peterson e agora Robertinho se desestabilizou de vez. Aquela monstruosidade havia feito outra defesa memorável.
O berreiro e o nome aclamado, acrescidos aos aplausos da torcida adversária, tudo dava a Robertinho a noção da façanha, já que ele, novamente não tinha visto o acontecido.
Por que eu não vi de novo???
Robertinho então percebeu que não olhava para o Peterson de forma alguma.
Que evitava a qualquer custo olhar praquele que era a pedra no seu sapato.
No caso específico, pedra na sua chuteira.
E prometeu a si mesmo:
Vou tentar olhar, eu juro, eu preciso me livrar dessa neura!
Quando olhou, viu o time adversário cobrando um escanteio. Viu o atacante subir sozinho, cabecear a bola contra o chão, em direção ao gol, e uma onda de frio percorreu a espinha de Robertinho, porque, do nada, apareceu uma criatura disforme, com mais braços que deusas indianas, com mais pernas que uma centopéia, parecendo um corpo que voa ao ser atropelado por um automóvel a 150 km/h.
Este é o Peterson!
E ele defende, da forma mais bizarra possível, uma cabeçada a gol, que vinha certeira!
A arquibancada quase vem abaixo, só se fala, só se grita, só se ouve o nome do Peterson.
- Robertinho, se você vai ficar assistindo o jogo de dentro do campo, eu vou te substituir! grita o técnico, desesperadamente.
Volta pra ajudar a defesa pelo menos!
Robertinho corre em zigue-zague, desconcertado, atordoado, encabulado.
Os gritos de Peterson, Peterson, Peterson fazem com que ele fique ainda mais incomodado. Prestando mais atenção, acha mesmo difícil de acreditar quando entende o que ecoa combinado na torcida:
“Eu quero ver,
quem é que é bom,
quem é capaz de fazer gol no Peterson.”
Que porcaria é essa!?!?!?!?
Robertinho teimava em não aceitar a rima.
Que horrível!
Será que esse pessoal não tem noção não?
Tentar rimar “bom” com “Peterson”!
Por mais que fosse aceitável, aos ouvidos do Robertinho era o fim do mundo, porém a frase deu-lhe uma idéia diabólica:
Quer dizer que "quem é bom" faz gol no Peterson!?!
Robertinho fica com os olhos vidrados, trava os olhos no Peterson e dirige-se pra defesa.
Com cara de louco, ele pede a bola que está nas mãos do Peterson.
O goleirão vai ver agora!!!
Peterson atira a bola nos pés de Robertinho e diz:
_Vai Robcertinho, faz outro daqueles!!!
Robertinho nem ouve mais nada, está voltado pra um único pensamento:
"Só é bom quem faz gol no Peterson!"
Estrategicamente, planeja recuar a bola, para disfarçar, sabendo que tem a seu favor o fator surpresa: sabe que Peterson não espera vivenciar o que está por vir, nunca!
Recua a bola e, bem forte, chuta-a pro Peterson.
O goleiro mata a bola e diz, devolvendo a mesma:
_ Vai Robcertinho, faz outro gol daquele que você fez no primeiro tempo!
Robertinho mata a bola e pensa: um pouco mais forte e ela entra!
Recua a bola de novo, dessa vez chuta ainda mais forte, tanto que o Peterson tem dificuldade de matar a bola.
Peterson acha estranho, olha pra um lado, olha pro outro, todo mundo marcado, aí ele toca pro Robertinho de novo:
_ Vai Roberto, só falta um minuto, é a última jogada, faz o gol, se não a gente vai pros pênaltis e daí vai ser difícil.
Roberto recebe a bola, pára, olha pra frente, olha pro lado, olha pro Peterson e ainda ouve, como último apelo, ecoar em sua cabeça:
“Só é bom quem faz gol no Peterson...”
Ele dá uma arrancada,
pra trás...
E todos ficam parados, como se tivessem virado estátuas.
O Peterson grita:
_ É pra lá seu doido!
Robertinho dribla o Peterson, que não entende nada.
E, enquanto desenvolve o espetáculo que programou, vai narrando seus feitos, gritando:
_ Dá o drible desconcertante da vaca!
Recebe do outro lado, dribla o “GRANDE” goleiro Peterson!
A torcida aguarda só a finalização!
Pára a bola em cima da linha e grita:
_ “Só é bom, quem faz gol no Peterson!!!!”
Dá um chute e marca o gol da vingança:
É GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLLLLLLL!
Grita alucinadamente e desmaia.
A ambulância do campinho não deu conta de atender tanta gente...
Por Émerson Gerin
Em 25 de março de 2006

domingo, 16 de dezembro de 2007

Felicidade

Um dia, tive certeza que eu era feliz,
não sei se me enganei, mas certamente
não tenho mais tanta certeza assim.

Os dias passam e rapidamente se transformam em anos
e nós vamos ficando assim, cheios de dúvidas.

Surgem dúvidas de tudo,
de "como" e do "porquê" das pessoas se relacionarem com a gente,
de "como" a gente deve se comportar em relação ao mundo,
se "erramos" ou se "acertamos" em alguns momentos
de decisões,
preparadas,
pensadas,
decididas, ou não.

E o tempo passa...

E a certeza da dúvida
vai se enchendo de dúvidas incertas
e de incertezas incompreensíveis
que acabam ofuscando a clareza da felicidade
que se perde no tempo passado.

Só que existem momentos
em que as alegrias se tornam maiores
que as espessas nuvens de dúvidas
que pariam sobre o horizonte da vida.

Ver os meninos se formarem,
fechou uma parte da história deles
que me deixou uma felicidade imensa:
Participar de forma ativa e marcante disso tudo,
acreditar que as pessoas podem e conseguem ser felizes
dentro de suas possibilidades,
de seus instantes,
do tanto que elas podem e devem usufruir disso tudo,
é elemento essencial de nossas vidas,
para que não fiquemos perdidos nas nuvens das desilusões
e nos nevoeiros das dúvidas eternas e cruéis
a despeito de nossos papéis...

Só que dura pouco...
E logo vem a certeza de que aquilo que a gente achou que era pra sempre,
sempre acaba! (parodiando o Tui, e o Renato Russo!)

Mas, entender que a felicidade é “momento”
e não “eternidade”, sempre nos deixa melhores,
e vamos cumprindo nossa sina:
Viver e aprender!!!
Sempre, enquanto o sempre durar...

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Pensamento eterno

"-Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas!"
Antoine de Saint-Exupéry

Descartáveis...

Objetos descartáveis são aqueles que você usou e não te servem mais!
Por que exatamente eles não te servem,
não faz a menor importância!
O importante é que, se eles não te servem mais,
você descarta!
É só deixar de lado se achar muito difícil jogar fora!
Nem lembre que eles existem e eles estão "descartados"!
Quantos objetos descartados temos em nossas casas,
daqueles que simplesmente deixamos de lado
e nem ao menos lembramos que existem!
Se um dia alguém te cobrar alguma coisa,
livre-se da cobrança dizendo simplesmente:
-Não , tá guardado lá em casa!
Em algum canto que eu não me lembro qual é,
já que não têm mais tanta importância assim!
Mas está lá, disso eu tenho certeza!
Nunca jogaria fora!

Fazemos isso também com as pessoas!
Elas simplesmente são descartáveis,
ou simplesmente abandonadas!
Elas podem ter tido algum tipo de serventia um dia...
Então, ficam "guardadas", em algum canto que não sabemos exatamente qual é,
já que não têm mais tanta importância assim!
E, se um dia, alguém te cobrar alguma coisa,
livre-se da cobrança dizendo simplesmente:
-Não , tá guardado do lado esquerdo do peito!

É uma resposta enganadora, maravilhosa, fugaz e escorregadia...
Daí, entra-se em outras definições às quais vou gastar mais de meu tempo outro dia:
Interesses, respeito, dignidade e consideração...

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Brasília e Natal

Já percebeu o tanto que Brasília fica insuportável na época de natal?
Nossa que saco!
Que inferno!!!
O pior, é que parece que todos os doidos e idiotas saem de casa pra fazer compras.
E o que realmente mata, é que é justamente quando você pode, já que está de férias!
Milhares de tias velhas pilotando seus carros "mil", devagar e da forma mais irritante possível!
Milhares de tios pré históricos carregando tias gordas que não sabem dirigir pra comprar presentes fajutos pra seus netinhos perfeitos, que logo logo deixarão de ser "os tais", indo a shows de bandas baianas e se chacoalhando igual endemoniados em sessões de descarrego de Igrejas Mercenárias do Reino Encantado!!!
Vixi! (Tô meio ácido hoje!!!)
E você, quando tenta sair, enfrenta o caos!
De onde todo esse povo "idiota e trouxa" tira tanta grana?????????

E daí vem a verdade,
mais dolorida e sofrida à que um ser humano pode chegar a concluir:
Eles fizeram concursos públicos e ganham igual ou muito mais que você,
mas com um diferença desgraçada,
eles não fazem porra nenhuma!!!
E ainda se divertem com o caos e o stress do natal,
já que é o único do ano em que eles se vêem inseridos...

Baixa a cabeça, volta pra casa e escreve no blog!
Vai idiota!
Aprende de vez!!
Quem é trouxa e idiota???????????????

sábado, 8 de dezembro de 2007

Vida e saudade

Já pensou no tanto que as coisas são fugazes???
Tudo passa e a gente se adapta...
Um dia parecia imprescindível estar em determinado local, com determinadas pessoas,
e depois de um tempo, apesar da dor, apesar da readaptação, apesar de tudo, passou...

Só que é tão triste passar por tudo isso...

Olhando pra trás, o coração se enche de um vazio da ausência tremenda, e a gente sofre de novo.
Isso é saudade!
Mas o que a gente chama saudade, que só nós temos como palavra* é o que mesmo?
(*Saudade é a única palavra exclusiva da língua portuguesa!!!)
Será que seria a falta de lembrar, que de repente é lembrada e que, dái, passa a doer e a gente sofre?
Tem que sofrer?
Será que seria a paixão, a amizade, o convívio, que a gente lembra que tinha, e que, daí, a gente pensa no quanto era bom e que a gente gostaria de ter de novo?
E cabe de novo em nossas vidas e em nós?
Ou seria só besteira da cabeça?
O mundo gira,
nada é eterno,
nada é tão bom que não possa ser substituído,
nada é pra sempre.
E a vida vai,
e a gente vai,
e as pessoas vão
e tudo passa.
O problema maior é esperar passar,
porque, da dor do momento da perda,
até o esquecimento total (se é que é possível!),
e a lembrança momentânea (é, não é possível!)
a qual chamamos saudade,
existe um precipício imenso de tempo
que simplesmente insiste em não passar.
Mas, fique tranqüilo, tudo se resolve é só dar tempo ao tempo.
A “saudade” existir, é fatídica demais pra que não lutemos em busca de novos momentos que possamos transformar também em saudade.
Então, sinta, deixe o tempo fazer seu papel, viva e crie novos momentos e pessoas, para que você possa se lembrar um dia do quanto sua vida foi feliz e do quanto suas saudades são tão doloridas mas ao mesmo tempo tão gratificantes.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Sobre Baratas e Borboletas...

Um dia dona Baratinha quis casar!!!
Mas com quem, disse ela???
A resposta ela já sabia...
Só servia com o Sr Baratão!
Sabe por quê?
Por que só o Senhor Baratão servia!
Pronto!
Ponto final!!!
Essas coisas de coração de barata não são lá muito de ficar explicando...

Só que nessa história tem que se levar em conta que baratos não são muito de pensar nas coisas tal qual deveriam!
Eles são fugidios e arredios quando o assunto é outro, que não eles próprios!
E Dona Baratinha ficava infeliz!
Afinal, ser barata e não se casar, é infelicidade demais no mundo das baratas de hoje e sempre!
Dona Barata utilizou de todos os argumentos do mundo das baratas modernas pra conseguir o que queria!!!
Mas não conseguiu?
Baratos se fazem de besta quando têm o que querem...
Eles judiam!
Eles são cruéis, sem perceber que são...

Aí Dona Baratinha quis tentar outros pretendentes!!!
Se atirou aos pés de gafanhotos, que, obviamente são o que há de pior no mundo dos insetos!
Eles não medem nada!
Passam em cima de todos!
Arrasam tudo o que vêem pela frente e ainda por cima querem se dar bem!
Mas deixa, o tempo passa, eles vão ter o que merecem, afinal em histórias de baratinhas, baratos e gafanhotos, o bem sempre vence e o vilão sempre se dá mal!!!
Tudo isso é só questão de tempo!

Daí, Dona Baratinha percebeu que seu Baratão queria apenas saber da Dona Borboleta...
Porque a Borboleta era linda, e suas asas tinham tudo o que tinham que ter pra se mostrar e pra aparecerem ao máximo, levando consigo Baratos legais.

E ela se arrasou!
Coitada!!!
E Barata arrasada é fossa, na certa (entendeu o trocadilho?), é possibilidade de tudo o que há de ruim acontecer, acontecer, pra ela.
Porém, como ela é barata e tem sangue de barata, se contentou com as migalhas que Seu Baratão atirava pra ela todos os dias, e foi vivendo infeliz, tal qual parecia ser mais apropriado pra uma barata da qualidade dela.
Mas, seu Baratão quis Dona Borboleta só pelo que ela podia lhe proporcionar, afinal o amor deles era demasiadamente fugaz e artificial.
Era só isso!
Mais nada!!!
Na hora de rolar no esgoto, na hora de levar chinelada, na hora do “vamo ver” era Dona Barata, mas na hora de aparecer, daí tinha que ser Dona Borboleta.
Mas gente, não tem barata que agüente, mesmo com sangue de Barata, não dá!!!
E o coração sobe à cabeça, e o amor que faz sofrer, coloca corações de baratas em seu extremo, e Dona Barata se viu na situação de ter que dar um basta!!!
“Bastas” são coisas que nem eu, nem você, nem ninguém, muito menos baratas, gostam de enfrentar.
É como chinelada: é difícil de escapar vivo, dolorido e pesado.
Pode resultar em nunca mais ter Seu Baratão por perto.
E ela tripudiou o máximo que pode, tentou segurar seu coração de barata até o derradeiro suspiro, mas corações de baratas são pequenos, frágeis e sinceros demais pra suportarem tanta dor e desespero...
Daí ela falou o que sentia, na esperança de que ele se sensibilizasse com suas palavras, mas baratos são assim, andam pelas fossas da vida, em passeio noturnos, cheios de caminhos e rumos, e não gostam de ficar sem possibilidades tão repentinamente.
E então, Dona Baratinha foi ao inferno!!!
E Seu Barato foi à zorra total...
Enquanto Dona Baratinha se encolhia, quase deixando de existir em suas angústias, pesares e esperanças mal resolvidas, Seu Barato se esbaldava em sonhos vãos, de borboletas vazias, de casulos abandonados, de asas reluzentes e vôos atabalhoados.
Só que ele não contava com a força do coração, de Barata que seja, mas de coração que vive, que sente e que se arrepende, que percebe o erro e que vê na única solução possível a reparação.
E ele se lembrou do quanto era feliz como Barato, ao lado de Barata, das besteiras, chineladas, ralações e rolos de esgoto, e se lembrou que era isso o que realmente lhe preenchia.
Eram coisas de baratas e não de borboletas!
Que ele como barata, tem que ser barata, e não pavão, ou melhor, e não borboleta...
E ele foi atrás da sua felicidade, que se uniu ao de Dona Barata e eles viveram felizes para o “sempre” das baratas, que não se sabe ao certo quanto tempo é, mas que, assim como a nossa felicidade e o nosso amor, “deve ser infinito”, pelo menos “enquanto dure!”

domingo, 2 de dezembro de 2007

Sábado 1/12...

Hoje o dia começou mais triste
Desilusões, angústias, traições e morte
Pesado!
Conselhos vazios, de pensamentos pequenos
Para grandes situações, de enormes proporções
De pessoas puras e crentes
De situações insustentáveis
De doação
De vida
De falta de reconhecimento
De caos
Desespero e dor.

sábado, 1 de dezembro de 2007

O texto perfeito

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

(Clarice Lispector)

Leia agora de baixo pra cima, simplesmente perfeito!!!