quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Eu e a "mamãe" na Chapada

Eu tinha que fazer uma matrícula em uma Pós Graduação em que me escrevi da UFG e meu polo era em Cavalcante-GO.
Daí, consegui sair na sexta pela manhã, com a intenção de chegar em Cavalcante à tarde, fazer minha matrícula, arrumar um lugar pra dormir e curtir o sábado.
Saí daqui às 10h, passei pra tirar grana, comprar refri e mais umas besteiras e fui embora.
Demorei pra porra...
É uma porra mesmo! Devia ter arrumado um jeito de almoçar antes, mas...
Comer besteiras e muito melhor!
Então, comecei comprando uma caixa de caquis!
Comi uns 8 pelo caminho!
Estradão longo, entediante, ansiedades, comida!!!
E toma caqui!!!!!!!!
Abasteci em São Gabriel, onde o diesel é mais barato!
Segui pra São João da Aliança, comprei gelo, coloquei as cocas, enchi a caixa e vazei!
Uns 20 km depois, parei na Lanchonete do Português, não sei se é Portugal ou do Português, mas tem placas indicando, "Coxinha sem massa", Lanchonete Portugal/Guês, Povoado Santiago (Eu acho!).

https://www.google.com.br/maps/place/Lanchonete+Portugal/@-14.5241942,-47.5212126,10486m/data=!3m1!1e3!4m13!1m7!3m6!1s0x93457ed8b8208d15:0x87d21127300e98a0!2sAlto+Para%C3%ADso+de+Goi%C3%A1s+-+GO!3b1!8m2!3d-14.2092279!4d-47.6849007!3m4!1s0x0:0xc5a07fa48adf24d2!8m2!3d-14.5335309!4d-47.5043249

Pensa numa coxinha gostosa!
Aliás, tudo é muito saboroso e fresquinho!
Mas a coxinha arrebenta!
Então fica dica!

"Barriguinha/gãozão chei" e "vortemo pra istrada".

De Toyota Bandeirante, tudo é lento! (Depois eu escrevo uma postagem só sobre a Bianka (a Band)...)
E quente!!!
Putz, como é quente!
Mas gosto é gosto!
Tem gente que gosta de fumar, outros de almeirão, eu gosto de Jipe velho, vai entender!

E de coxinha!
E de comer!
Pra falar a verdade, eu gosto é "dus lanxi" as cachoeiras são só a desculpa!
Então cheguei em Alto Paraíso, reserva que eu fiz pelo Booking, "Pousada 4 estações".
A pousada é ESPARTANA...
Cama dura, nenhuma "prantinha", café da manhã liso, sem nada pra beber além de café e leite, mais uns "pãozin de quejo", pão de padaria, um bolo véio de chocolate.
E um melão véio, que pela cara, já está empregado lá na pousada, perto de aposentar!

Isso era pra escrever só depois, até porque eu ainda nem jantei!!!

Então, vamos!
Na sequência eu segui pra Cavalcante. 232 km no meu GPS, de casa até a Pousada, em Alto Paraíso e depois mais 100km, até a minha matrícula.
Rapidinho eu resolvi a burocracia da matrícula e fui pro Centro de Atendimento ao Turista de Cavalcante.
Lá conversei com um sujeito que me contou metade da vida dele e me indicou umas coisas a fazer, sem muita convicção. Daí eu tinha lido na net sobre um tal de Complexo do Prata, ou Cachoeiras do Prata ou Cachoeira Rei do Prata. O bicho animou e me arrumou um guia pra sair no dia seguinte, cedo, por 120 reais pro casal (Eu e Dona Muié, a Mamãe, é Yanne que chama né?!?).

Se eu animasse, era pra eu dar sinal de vida era logo cedo!!!!
E eu caguei e andei pra essa porra!
Afinal, estava pra descansar e não pra bater cartão!

É um passeio legal, mas pra fazer com tempo e quando eu estivesse hospedado em Cavalcante mesmo, afinal ainda precisava voltar os 100 km até "High Paradise", jantar, esperar a muié chegar, dormir e só então resolver a vida!
Ficamos conversando e o cara queria porque queria que eu fosse encher a cara de cachaça com ele!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Eu nem bebo nessa porra...
Daí o bicho falou:

"-Cidade do interior é foda...
Tem nada pra fazer!
E todo mundo sabe de tudo que você faz...
Quando eu inverno na cachaça, vou pra mais de 20 dias sem nem ir em casa...
Cavalcante provoca alcoolismo, moço!!!"

Assim filosofou e ficou pra trás, sem companheiro de pinga...
Aguentar bêbado já é de rasgar o toba com a unha, imagina invernado?!?
É o cacete, fui!!!!

Então eu voltei analisando alguns possíveis locais pra ficar quando for pra ter aula em Cavalcante. Reservei mas não sei se vou encarar a Pousada Morro Encantado!!!
Bonitinha, mas ordinária...
Cara pra caceta...
Eu, Muié e Fiota por 480 reais Sexta/sab e Dom (2 diárias).


https://www.google.com.br/maps/place/Pousada+Morro+Encantado/@-13.7956466,-47.4606489,3a,75y,90t/data=!3m8!1e2!3m6!1shttp:%2F%2Fbstatic.com%2Fimages%2Fhotel%2Forg%2F634%2F63411739.jpg!2e7!3e27!6s%2F%2Flh5.googleusercontent.com%2Fproxy%2FmM7say21B5LsbCpKW3_lqVbXwQ4yRy0N5hOMH3c9Wy7NL_S4VZ58iK8um2CFSXaCNeddn2a9Jmm3KEiXu3x-WuedsIAfOphxbvx-40_sCfd0Skwfh7uKnzB94bbSphd-FfEyA3IUZK67wLWHM8k5VM4HIcc-0A%3Dw114-h86-k-no!7i500!8i375!4m13!1m7!3m6!1s0x9345e6d92adb0799:0x62ab33dfb65c3db!2sCavalcante+-+GO!3b1!8m2!3d-13.6773491!4d-47.6061625!3m4!1s0x0:0x507e18e0231ac594!8m2!3d-13.7955657!4d-47.4608088!6m1!1e1

Segui para Teresina de Goiás, no meu caminho de volta.
Lá tem hotéis meia boca, daqueles que existem em tudo quanto é beirada desse "Goiás véio de guerra". Só que se as meninas forem, talvez eu tenha que morrer nos QUINHENTÃO mesmo lá de Cavalcante, até pra que elas tenham o que fazer enquanto eu estiver em aula.
O trem tem PISCINA!!!!!!!
Xique dimais da conta!!!

Depois de Teresina, passei por um tal de Cerradinho, sei lá se é Hotel Fazenda, que porra é aquela...

https://www.google.com.br/maps/place/Fazenda+Cerradinho/@-13.8048322,-47.2617625,919m/data=!3m1!1e3!4m13!1m7!3m6!1s0x93457ed8b8208d15:0x87d21127300e98a0!2sAlto+Para%C3%ADso+de+Goi%C3%A1s+-+GO!3b1!8m2!3d-14.2092279!4d-47.6849007!3m4!1s0x0:0xb78b74592b542dfa!8m2!3d-13.8058481!4d-47.2625734

Uma francesa conversou comigo com muita dificuldade. Eu expliquei que queria saber como era a estadia e ela começou a me contar que desenvolve um trabalho de Permacultura e que seria muito importante se eu levasse os meus alunos da Pós Graduação pra passar um dia por lá!
Deu pra ver que ela não entendeu porra nenhuma do que eu disse...
Por fim desisti e prometi que ia passar por lá, com o ônibus dos alunos, na volta da aula!
Ela agradeceu, mas nem perguntou o dia, provavelmente não entendeu nada de novo!!!
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Dei tchau e vazei!
Eu hein!

Cheguei de volta em Alto Paraíso, direto pra jantar!
Banho só depois de comer, afinal ainda tinha uns 12 caquis na caixa e eu já não estava aguentando nem mais o cheiro deles.
E não tinha almoçado...
Só na maravilhosa combinação: Caqui + Coxinha + Coca Cola geladinha = QUEIMAÇÃO DA PORRA!!!!!!!

Fui pra uma viadagem chamada BISTRÔ!
É um restaurante pra quem não sabe se servir.
A comida já vem posta no prato pra você.
Pouca, principalmente pra quem ainda nem tinha almoçado!
Pedi uma lasanha!
Vieram dois fiapos de macarrão com queijo, carne e uma água véia!
Parecia que o trem tava nadando, mas pensei que era em homenagem às cachoeiras!
Zoeiras à parte, vale a dica:

Zu's Bistrô
https://www.google.com.br/maps/place/Zu's+Bistro/@-14.1350387,-47.5205635,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x93457f287273ab89:0x4749ad2e4927bcc8!8m2!3d-14.1349045!4d-47.5183086

Comida boa + carinha:
27 reais o risoto (que eu detesto, porque pra mim parece vômito);
21 reais a lasanha ou o nhoque;
Muitos vinhos, baratos (pra mim, todos são absurdamente caros, nao bebo mesmo!), diga-se de passagem (pelo menos foi o que me disseram, afinal eu não consumo nem pago esse treco e mal sei o preço de uma Coca de 2 litros)!

Veio junto uma cumbuca de queijo que eu empurrei junto com a lasanha magra pra não ficar com vontade de comer um espetinho depois.
Barriga bem lotada, só restava voltar pra Pousada, tomar banho e esperar a muié.
Pior é que com essa história não eram nem 20 horas ainda e a Yanne só ia pegar o ônibus  na Rodoviária de BSB às 21h e depois andar os 230 km até onde a gente ia se encontrar.
A noite ia ser longa...
Banhozinho tomado, xerosin da mamãe, deitei na cama pra matar o tempo!

E demorou pra caralha...

Minha sorte é que, quando em vez, eu achava um doido no zap pra conversar.
A bateria do cel acabou, recarreguei até 40 %, catei de novo, conversei fiado...
Acabou outra vez, carreguei de novo até uns 45%, catei outra vez, conversei com mais uma renca de gente e daí deu meia noite.
Fui buscar a mamãe, "vortemo, deitemo e ronquemo"!
De manha, as 7h, um filho de ronca e fuça me liga a porra do caralho da S10 que ele deve ter ganho com alguma cartela do Sílvio Santos ou essa Capital de Prêmios, e deixa o carro ligado do lado de todas as janelas da pousada e vai tomar no cu, ops, café!
Fiquei na cama rolando e imaginando mil situações onde eu matava ele e enfiava a S10 pelo cu até sair na boca!
Ou enfiava ele pelo cano de descarga da S10 até fundir o motor!

Nessa horas eu percebo o quanto eu sou domesticado e dócil!
Porque imaginação, tamanho, força e raiva eu tenho, só me falta iniciativa...
Palavra do Senhor: Graças a Deus!

Acordei minha S10 de estimação, a "Ynhame", e fomos tomar café...
O "Paulo Ku" ainda estava na porra da caralha do carro "foncionando", parado, dentro do estacionamento da pousada, do lado dos quartos, enquanto a gente tomava café. Mal imaginava o risco que corria!
Quase que eu resolvi apelar, mas Deus é maior! Amém!!!

Daí, virei pra pessoa da pousada e  perguntei:
-Será que alguém pode me dar informações sob...
-Cachoeira??? Pertinho? Sem muita caminhada???
Me perguntou a moça da pousada.
Eu falei:
-Não, com a água transparente, porque a gente trouxe máscaras de merg...
-Cachoeira??? Pertinho? Sem muita caminhada???  Com água limpinha? Tem não!
As nossas águas aqui são que nem Coca Cola!

Pensei, caceta, essa lesada deduziu que, porque eu sou gordo e não consigo andar!

Daí ela falou das Almécegas 1, 2 e São Bento, me explicou, mesmo eu dizendo que já sabia e que a água era escura, mas parece que só se entendia "Gordo não pode andar"

E o mais escroto da porra toda é que eu fui lá!
Nem eu sei porque!
Já era 10h30, a gente comprou "uns treco" pro lanche, um canivete/abridor de lata, uma lata pra abrir e estrear o canivete (de salsicha, gostinho de infância).
Chegando la na cachoeira de "Gordo com dificuldades de locomoção", havia uma placa enorme 30 reais por gordo, ops, pessoa!
Daí eu filosofei com a muié:
- "Si fuder" mesmo viu!!!!!!!!!!!! "No cu" que eu vou dar 60 reais pra tomar banho nessa caralha!

Vamos pra Cachoeira Santa Bárbara!
Se é pra gastar nessa porra, então vamos esbanjar!
Quero dar 70 reais pros Calungas fazerem de conta que são guias e visitar uma das cachoeiras mais bonitas do país!
Voltamos 10 km até Alto Paraíso e eu me acalmei...
Afinal, já eram 11h da manhã e ainda faltavam 100 km até Cavalcante, mais um tanto de lonjura até o Engenho dos calungas, mais uma estradinha ruim até os estacionamento, mais uma caminhada de 1km até a Cachoeira e ia acabar que a gente ia chegar tarde demais.

Fomos pro Centro de Atendimento ao Turista de Alto Paraíso.
Perguntei das características de mergulho e ouvi a mesma história da "água de coca cola"...
Acho que eles tem um curso, daqueles que você recebe o CD e grava as informações.
Uma foto me chamou a atenção e eu perguntei;
-E essa?
A mulher me olhou de cima embaixo e falou:
-Essa tem 2 km de trilha pesada! Com grande desnível!!!
Quer dizer, me chamou de "GORDO com dificuldade de locomoção" também!
-Pois então é nessa que a gente vai!
A mulher se apavorou:
Carro baixo não chega lá!
Toyotão é tão alto que até fica difícil de subir!

E fomos! Pensa num treco longe!!!!!
Chama "Complexo Macacos e Macaquinhos"!

Um tanto de km da cidade, mas o bicho papão mesmo é a estrada de terra!
50 km de estrada de terra é bizarro, mesmo de Toyota!
Cansa, enche o saco...
E como se não bastasse, o calorão goiano detona.

Eu nem lembro mais que horas a gente chegou!
Sol bem a pino.
Pagamos, pegamos máscaras, caixinha de gelo, lanches, latinha de salsicha e fomos!
Uns 500 mts depois, já dá pra ver a água, que você vai acompanhando.
Da pra ir nadando e refrescando o tempo todo, só que "o trem mais lindo, mais maravilhoso, mais espetacular mesmo, é o último!"
(Foi o que disseram, não chegamos nessa merda! Daqui a pouco eu conto!)

Fomos andando com a fé e a esperança de ir "tudinho diretão" e voltar depois!
Só que você sobe uma ladeira de pedras, desce uma escadinha irregular de "predas", escorrega "nas preda", desce mais um pouquinho, sobe um tantão, calor de 14/15 horas na cabeça (Esqueci o boné!), nem sei o quanto a gente andou!
Na tranquilidade de que não precisávamos provar nada pra ninguém (até porque aquelas filhas da puta que ficaram gorando a gente desde a saída da pousada pela manhã não estariam lá) a gente simplesmente resolveu que já tinha dado!

Paramos em uma sombra!
Deixamos as coisas!
Tomamos um banho revigorante e gelado (nada incomodo) e voltamos pra comer!
Depois de comer umas besteirinhas, bater um lanchinho pra dentro, eu até deitei um soninho no colo da Mamãe!

Depois nadamos de novo!
Resolvemos mudar de lugar, agora já voltando!

E fizemos da forma como deveríamos ter encarado a ida!

Devagarinho, nadando de tempo em tempo, de subida em subida!

Tiramos foto, nadamos, filmamos peixinhos, enfim um passeiozão legal de um dia que eu recomendaria para pessoas que gostem muito desse tipo de passeio!

Se você não curte!
Não tem carro alto!
Não tem peso ideal pra fazer esse tipo de passeio!
Não vá!

Agora se você estiver com tempo, faça!
Se você não se incomoda de não ir até o finalzão de tudo, também dá pra fazer!
Do jeito que vc quiser e puder, sem se estressar!

segunda-feira, 8 de maio de 2017

"Viages" ou "1 Gordo Murrinha espalhando gordices pelo Goiás!"

Vou tentar mas não vou prometer, até porque eu prometi contar o resto da história da viagem pro Uruguai e bundei...
Até esqueci tudo que eu poderia escrever, portanto não façam coro, eu não vou escrever o resto, "fodaC"!!!!
Bom, voltando à normalidade e a paz...
Vou tentar fazer alguns relatos das viagens e passeios curtos, de um dia só, ou de um final de semana, comum ou de feriado, pelas redondezas goianas dessa terra brasiliense nossa!!!
Vou começar pela mais próxima, que eu fiz nesse final de semana:
Eu e Yanne na Chapada!
E depois, ou retorno e escrevo de memória as anteriores, ou faço novas viagens e posto aqui!
Vão torcendo por mim daí!
Eu vou tentando escrever daqui!
 

sexta-feira, 18 de março de 2016

Adeus Vó Jandira...

Quantas vezes esse momento me atormentou na infância...
Foram muitas as vezes em que meu coraçãozinho se apertou angustiado por conta de o pensamento me fazer essa pergunta: E se eu ficasse sem minha avó?
Acho que Deus deve ter percebido o quanto aquilo me assombrava, tanto que ele me deixou ter você por tanto tempo...

É tudo muito complicado e confuso na minha cabeça nesse momento...
Parece que a gente leva uma paulada...
Pudera, desde a morte da Nona, após o fim da Copa do Mundo de 1970, nós daqui de Brasília não perdíamos alguém do convívio próximo... 
E como eu nasci pouco mais de um ano depois, é confuso lidar com a primeira morte, já aos 44 anos de idade.
Enquanto vou escrevendo, as lágrimas vem e vão. 
As memórias se confundem entre alegria e tristeza, sempre carregadas de saudade.
Com a emoção à flor da pele, fica difícil discernir o que escrever e o que desconsiderar.
Só não queria mesmo era deixar de fazer minha homenagem!
Espero conseguir deixar registrada uma boa e eterna lembrança!
Borbulha um mosaico de minhas memórias, referentes a intensa vida dessa mulher tão marcante...
O nome é forte, de influência indígena, a mulher é ainda mais, muito mais, de descendência italiana.
Não sei a partir de quando, nem exatamente de qual delas, mas tenho a impressão que minhas lembranças de infância começam na casa da minha madrinha, a Vó Jandira.
Fui o primeiro neto, provavelmente o mais bajulado e amado (os outros que me perdoem, mas até por uma questão de tempo, isso se explica por si). 
Das fotos, são várias, do meu álbum de um ano, de muitos aniversários meus e dos primos e irmãos, na casa dela, geralmente com ela ou, provavelmente, sob seu terno olhar.
Nas memórias, a confusão de datas, lugares e histórias não me autorizariam estabelecer uma linha de tempo, assim cito fora de ordem e de importância, um tanto de tudo: as idas à Cemar para comprar pão e pudim, idas aos bancos fazer os depósitos do dia, aos mercados comprar carne para o restaurante, passeios de Chevette, caminhão do vô, idas à Auto Escola, ao restaurante, os picolés, os bolinhos de chuva, cuecas viradas (o doce!!!), biscoito de polvilho, frito e assado, o bolo toalha felpuda, o frango assado na panela de pressão, a idas à chácara de Santo Antônio do Descoberto, os papagaios, o Só Frango, dormir com Tia Carminha, as inúmeras viagens à Ipuã, passeios nas casas de amigos e parentes, etc, etc, etc.
Em tudo, sempre o sorriso fácil, a satisfação de estar junto, perto!
A intensa vivacidade de uma época em que, ou eu e mundo éramos mais puros, ou mais bobos mesmo.
E até se for isso, tenho convicção de que era muito mais feliz do que consigo ser hoje. Não porque agora eu seja triste, mas é que era mágico, ela sabia fazer ser mágico, alegre, vívo.
Imagino hoje, o quanto deve ter sido difícil ser tão espetacular por tanto tempo, o quão grande deve ter sido o esforço para manter tal clima...
Era intensa, em tudo!
Não engolia sapo e fazia barraco sem nenhuma cerimônia e eu, me acabava de pavor!
Quando eu menos pensava que não, começava o escândalo, uma gritaria sem tamanho, bateção de boca, gestos e mais gestos, nos moldes do italiano mais caricato.
Como eu me lembro desse ímpeto! Da paciência curta!
Lembro também o quanto era engraçada.
Apaixonada pelas pessoas era exímia cuidadora daquilo que os outros pensavam dela.
Não perdia uma chance de presentear, não perdia uma chance de bater um papo rápido, ou longo, falava o que pensava, o que achava, tudo na lata e essa facilidade de despejar as coisas, sem muito medir, esse era o justo marcador de sua originalidade.
Não era maldade ou falta de senso, era personalidade.
Quando amava, idolatrava, quando odiava, ignorava!!!

Em algum momento, da vida, resolveu que tinha que se distanciar.
Arrastando angústias, levou muito de nossos corações, deixando preocupações e saudades.
Mudou-se pra longe, foi atrás de uma terra prometida que, na verdade, nunca conquistou.
Não perdia a chance de receber a gente em casa, nas distâncias.
Foi o primeiro destino da Nana, com apenas um mês de vida, em Barra do Garças.
Foi destino frequente na infância dos primeiros bisnetos, em Caldas Novas.
E mesmo começando a dar sinais de sentir o peso do tempo, não perdia a chance de tirar truques da manga!
Quando parecia que não teria mais truques, em uma das viagens pra visitar a gente, voou...
E quase morreu, e quase matou o vô, e quase matou nós todos de susto.
Já era a demonstração clara que a idade tinha chegado no corpo, mesmo que a cabeça não aceitasse.
De verdade, não aceitou nunca!!!
Mas também, nem sentia! A cabeça não sentia.
Em nenhum momento deixou de estar ligada, deixou passar qualquer coisa, deixou de estar atualizada.
Menos de mês atrás quase matou a gente de rir imitando os outros. Queria que fizéssemos um churrasco para que ele tomasse um cerveja da marca "Proibida".
Semana passada, na UTI falou que a Dilma era uma desgraçada!

Estou cansado... Me sentindo vencido pelo peso dessa ausência.
Não cansei de lembrar, cansei foi de escrever.
Não sei se um dia retomo, não sei se esse assunto tem fim...
As lembranças, essas não tem fim.
Pode ser que cada um dos netos faça a sua retrospectiva, a sua homenagem, a sua memória.
Acho importante. Válido!
Ao fazer a minha percebi o quanto de Dona Jandira eu tenho.
O quanto dela ficou em mim.
Nesse ano de 2016 aconteceria uma conta matemática interessante: ao fazermos nossos aniversários, eu teria a metade da idade dela, justamente quando tivesse a idade em que ela me ganhou de presente.
Não porque eu me ache "o presente", mas a impressão que eu trago de minhas memórias é que ela sempre me tratou assim.
Por fim, sinto "o peso e a leveza" do quanto tudo isso sou eu, do quanto ela foi pra cada um de nós e me impressiono com o quanto eu ainda tenho que ser, afinal ainda não estou na metade da idade que ela viveu.

Vá em paz vó!
Feliz pela história que deixa, por tudo o que semeou, pelo quanto foi campo pra tanta gente crescer e pelos frutos que deixou.
Assim que der volte pra levar o vô, ele vai estar mais feliz com você... 
Que Deus te coloque em um lugar bem lindo e feliz, pra você assistir a gente.
Vou tentar ser um pouco do presente que você foi pra mim praqueles que ainda virão.
E sempre que puder, apareça pra dar uns pitacos, umas dicas, umas risadas.
Um beijo carinhoso e até breve.
Minha eterna gratidão...

terça-feira, 15 de março de 2016

Merda X Bosta

Era uma vez um país de merda, que tinha um povinho bem bosta.
Mas esse povo de merda acabava pagando um alto preço por conta de eleger um tanto de políticos de bosta.
Pudera, os eleitores de merda confundiam a bosta da politica com a merda do futebol.
Sim, torciam pros bostas dos políticos como se eles fossem as merdas de seus times do coração.
E assim, ou você era bosta, ou você era merda!
Sem chance de você deixar de ser qualquer bosta e tentar ser alguma outra merda...
Que bosta...
Foi então que um dia deu a maior merda por conta de um tanto de bosta que os políticos de merda vinham fazendo.
Uns bostas do povo resolveram que tinham que fazer uma merda de uma manifestação.
E não é que a bosta da manifestação foi enorme!!!
Os manifestantes de merda queriam dar fim à bosta da merda toda!
Mas a bosta é que os manifestantes pediam um tanto de merda e no final não conseguiam bosta nenhuma!
Uns políticos de merda da oposição chegaram a ir na bosta da manifestação, porém foram xingados de tudo, inclusive de merda.
Pra piorar, um bando de bostas do povo, continuavam apoiando uma galera de merda da situação.
Era uma bosta só!
Uns merdas acusando uns bostas de serem a "nata da merda"!
Outros bostas, vitimizando um povo que vivia na merda,  dizia que eles só poderiam ser o resto da bosta...
E o mais aterrorizante: ninguém, nem merda, nem bosta, sabiam de merda nenhuma!
Todos os bostas diziam que os merdas eram uns alienados, uns fanáticos, uns hipócritas, uns bostas, uns merdas...
Como se não tivesse como feder mais, veio um senador de merda e jogou bosta no ventilador.
Falou um tanto de merda a respeito de um tanto de bosta!
Disse que um merda, ex presidente, sabia de tudo.
Que um outro bosta, também ex presidente tinha armado a maior merda.
Que o outro senador, que se achava grande bosta, estava muito era melado de merda!
Em algum momento, a solução parecia ser tirar a bosta da presidente, que tinha um tempão que não fazia merda nenhuma.
Mas a bosta é que o responsável pela possível retirada da presidente, era um merda de um deputado, todo sujo de bosta, que enchia o rabo de dinheiro, viajava pro exterior e torrava os tufos, mas quando estava por aqui, arrotava merda, e o pior, em nome de Deus...
Que merda...
Como se já não fosse bosta o bastante, se a merda da presidente caísse, entraria um bosta de um vice, de uma merda de um partido, que há muito tempo vivia atolado na bosta, fazendo muita merda...
Foi então que o povo de bosta viu que estava definitivamente atolado na merda.
Deu desespero ao pensar que quanto mais mexessem na bosta, mais a merda ia feder...
Resumindo, não dava pra fazer bosta nenhuma, afinal, ao que tudo indica, se não estivesse todo mundo enfiado na merda, estaria todo mundo atolado na bosta.
Que merda se podia fazer???
Sinceramente não vejo solução, que bosta...
Mas um merda de um amigo meu, me disse que é pra ter paciência, que uma hora, essa bosta toda acaba.
Que se não acontecer merda nenhuma, daqui a três anos, esse mandato de bosta acaba.
Daí a gente vai poder mudar, escolhendo entre uns "merda" e outros "bosta"...

Escrito pelo bosta do Emerson Gerin, que vive pensando merda!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Andada da Caranguejeira





No dia 21 de março, 2o dia da Lua Nova, fui passear de Jipe com uma galera até a cidade de Jaraguá. Fomos por terra e na volta avistei uma caranguejeira (segue foto). 
Tive relatos do Eustáquio e do pessoal que estava comigo de terem avistado outras também. Então conclui que foi a "andada da caranguejeira" em que machos e fêmeas saem para acasalar. Esse termo eu conheci na Bahia, em uma viagem que fizemos ainda na minha adolescência (provavelmente 1989 ou 1991). Ao fotografar essa caranguejeira, arranjei um talo grande de uma folha seca e fiz ela se armar para mais uma fotografia (segue também) 

Ao terminar, peguei o talo com a folha e a caranguejeira atacou a folha ferozmente. 


Em uma outra viagem pra Bahia, no Morro de São Paulo (por volta do ano 2000), fizemos um passeio e ao vasculhar o local o guia comentou que era pra tomarmos cuidado porque estava na "andada da Jararaca" e que um alemão havia sido picado e havia falecido, o que confirma a ideia de que os animais ficam mais nervosos nesse período de cio. É importante destacar que realizei essa postagem, com a intenção de documentar essa percepção que tive, de um determinado momento específico e que baseia-se somente em cultura popular e junção de fatos aleatórios. Nada aqui quer ou pode ser considerado científico. Há ainda que se destacar que pretendo realizar uma pesquisa a respeito para poder confirmar ou ridicularizar o que conclui.




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Viagem ao Uruguai - Indo e Voltando

Apesar de saber e gostar de escrever muito (modéstia a parte), ultimamente tenho estado meio sem paciência de exercitar esse meu lado "bicha literária" (esse termo é muito utilizado pelo pessoal do Jeep Clube!).
Vou tentar não deixar muito extenso...
Só não se esqueça de que é uma viagem de carro de 6.240 kilômetros, de 14 dias, muitos lugares para passar e pouco tempo para observar e conhecer tudo.
Vale ainda destacar, que as visões, conclusões, medos e alegrias referem-se à gostos e instantes diversos, que unidos à séries de fatores podem estar equivocados... Ou não!
Por fim, é um relato, pessoal, impressões, emoções, compartilhados com minha família em alguns momentos e, em outros, não.
Então a coisa começou assim...

Tomados pelo velho e eterno problema de que não somos muito fãs de ficar lá na praia, olhando pro tempo e esperando a vida passar (eu, principalmente pelo fato disso ser altamente engordante!), resolvemos que precisávamos inventar um novo destino pra família. Óbvio que muitas coisas aparecem, mas tem um tanto de poréns envolvidos que devem ser levados em consideração. 
Resumindo, caiu a tal da Montevidéu no nosso colo, como possibilidade.
Mas começar por onde???
De forma resumida, posso deixar aqui registrado que o apoio, as ideias e dicas do pessoal da lista de e-mails sobre Toyota Bandeirante (os toyoteiros do Brasil) foi de extrema importância e relevância para que pudéssemos ganhar confiança e partir pra essa aventura. Assim sendo, deixo aqui registrados os meus mais sinceros agradecimentos à todos da lista que, de qualquer forma, puderam dar pitaco e opinaram sobre as mais inúmeras possibilidades.

Daí, veio o planejamento.
Acostumados à viagens de carro desde a mais distante infância, fizemos projeções, cheias de liberdades e criamos algumas alternativas em termos de saída e de retorno. Não vou me estender muito nisso, mas posso dizer, sem medo, que muito do que foi planejado não foi executado e que, alguns dos acidentes e equívocos de percurso foram tão ou mais surpreendentes e interessantes que alguns dos pontos turísticos mais batidos.

Saímos dia 31 de dezembro, as 3h30 da madruga. Chegamos às 12h05 em Ipuã-SP para um almoço com uma parte da família da minha mãe. E começamos maravilhosamente bem a parte gastronômica de nossa viagem. Cupim injetado e linguiça de frango com queijo...
Pensa nuns trem bom...
E pra sobremesa, implacável e cruel, um docinho de leite...
HUMMMMMMMMMMMMM
Daqueles que só alguns pouquíssimos anjos na face da terra sabem fazer...

Ficamos até às 14 horas e partimos pra Sorocaba - SP.
Passamos o Reveillon acabados na cama, capotados de tal forma que não ouvimos nenhum barulhinho dos fogos comemorativos...
Deitei às 20h e acordei às 6h30.
Saímos às 8h, depois de um bom café e seguimos para a descida da serra, entre as cidades de Piedade e Juquiá.
A estradinha é uma coisinha linda.
Pena que já tinha, logo cedo, um pequeno movimento de subida pós reveillon, com alguns infelizes tentando forçar ultrapassagem onde, simplesmente, é impossível.

Em Curitiba, seguimos direto para o Velho Madalosso para podermos ter nossa "ceia" do ano novo.
E somos chatos...
Pra nós só serve comer no Velho Madalosso!
Creio que já tenho tido experiências melhores por lá, mas ainda aposto nesse programa mais algumas vezes.
Restaurante lotado, ficamos na fila de espera por uns 20 minutos (tirando o fato de que a atendente resolveu que meu nome tinha que ser Ernesto...).
Comemos bem e tomamos estrada novamente.

Vale aqui um comentário.
Os pedágios te fazem repensar a situação de viajar de carro pelo sudeste-sul...
Juntando todos, saem caro demais (não somamos tudo ainda, mas creio que mais de 300 reais ao todo, entre Brasil e Uruguai).
Em São Paulo, rumo à capital, tornam as pistas da Anhanguera e de outras, um negócio de primeiríssimo mundo.
Impressionam muitíssimo!!!!
Bem, pela qualidade, mal pelo valor.
Pagamos 8 reais e alguma coisa no mais caro, porém o que causa verdadeiro impacto é o conjunto da obra!
Em nossa volta, já na região mais central do estado, vimos que tudo é absurdo...
Em Ourinhos, os camaradas fizeram uma vergonhosa armadilha...
Uma tesoura de viaduto te leva, por aproximadamente um kilômetro, direto ao mais famigerado e caro posto de pedágio que eu já vi!
Cobram 13 reais e alguns quebrados por uma estrada que se fosse de terra, talvez conseguisse ser mais digna.
Vale destacar que nessa região do interior de São Paulo, rumo ao centro oeste, estão os pedágios mais absurdos de toda a viagem!



E o asfalto é de fazer parelha às estradas abandonadas da Bahia!
Uma verdadeira vergonha!!!
No Paraná e em Santa Catarina percebemos algo parecido, porém menos vergonhoso.
Na BR 101 (litoral) paga-se menos que em SP e a qualidade é satisfatória.
Já no interior (passamos pelo interior na volta), pedágios em pista simples (o que eu, particularmente não concordo!), alguns desacertos no asfalto que chegam a doer no coração quando você não os percebe e sofre a pancada nas rodas. 
Qualidade ruim, porém o valor estava no mesmo nível do litoral.
No estado do Rio Grande do Sul especificamente, eu, sempre achei absurdo. 
Não que seja totalmente ruim, mas os valores são altos e se oferece muito pouco. 
Na grande maioria das vias que conheço a pista é simples, de asfalto duvidoso e sempre muito movimentadas.
No Uruguai, os valores são uma média entre SP e PR/SC, só que eu não pago IPVA por lá, então não me incomodou!
Um caso à parte, ainda a se destacar, é a questão do policiamento.
No Brasil, as estradas estão deixadas à sorte de tudo que se pode levar e trazer...
Não fui parado e não passei por uma blitz sequer em toda a viagem no Brasil.
No Uruguai, há uma quantidade considerável de vans da Policia Caminera (Polícia Rodovíária de lá!), paradas em locais específicos da estrada. 
Não sei se são melhores, corruptos, bem pagos, etc. 
Só sei que são mais facilmente visualizados que os nossos.

Bom, comentei sobre a polícia para poder voltar ao assunto da estrada.
Próximo à Florianópolis, de repente, o trânsito parou em nossa faixa de rolagem...
E parecia que não ia andar mais.
Demorou mais ou menos uns 10 minutos, totalmente parado.
Andou um pouco e parou mais uns 15 minutos.
Andou mais um pouco e deu pra ver a fofoca...
Um posto da PRF, com cones espalhados pela pista e apenas uma faixa para todo o movimento da volta do Reveillon poder acontecer. 
Obviamente, um verdadeiro caos... E o pior, sem um único policial, sequer observando a passagem dos automóveis.
E demorou...
E não andava...
E pra quem já estava à quase dois dias dentro do carro, parecia uma tortura sem fim...
Olhei pra trás e o engarrafamento havia se transformado em um verdadeiro monstro...
Grande em nossa frente, gigantesco atrás de nós...
Daí, depois de mais uns 20 minutos, sai um policial de dentro do posto que, tranquilamente, atravessa a faixa pra retirar os cones...
Que vontade de xingar até a 8a geração daquele indivíduo...
Ódio deixado pra trás, continuamos para, logo depois, sermos pegos por um grande temporal.
Tentei continuar, mas por fim, percebi que era risco demais.
Paramos em um das inúmeras lojas da Havan e, enquanto a patroa olhava as prateleiras, e a chuva ia diminuindo, tentei achar algum hotel pelo booking em Florianópolis através do celular. 
A diária mais barata para a cidade era de 450 reais... 
Pra quem não é tão fã, é bastante interessante perceber o quanto o litoral é prestigiado pela galera nessa época! 
Mais especificamente nessa data do Reveillon.
Sem condições de ficar, tocamos em frente, só que agora a noite estava chegando (mais de 20 horas!). Percebi que estava muito longe daquilo que havia planejado para aquele dia e resolvi que abandonaria a ideia de chegar em Osório (+360 km aproximadamente).
Mas resolvi arriscar e chegar em Tubarão (+140km, aprox.).
Então veio a travessia da Laguna...
KKKKKKKKKKKK
Que desespero!
Cansados, doidos por um banho, estressados, com fome, enfim, tudo o que não combinava com outra retenção...
Está sendo feita uma nova ponte e todo o trânsito está sendo deslocado para apenas uma, que é compartilhada para os dois sentidos. 
Só que demora... 
E demora pra porra... 
Principalmente quando se está aziado...
Não vou me estender!
Passamos e chegamos em Tubarão!
Hotel simples, banho e cama!
Acordei sem o despertador às 6h!
O dia era longo!!!
Tinha resolvido que iria direto para o Chuí e naquele instante, tinha certeza de que queria chegar lá ainda naquele dia! 
Minha intenção era ir direto, para quando fosse voltar, poder apreciar e aproveitar de outras coisas do caminho.
Tocamos em frente! 
Então chegamos, depois de dois dias ao "ideal do corpo" em termos de físico para viagens desse tipo! 
Fazer paradas a cada 200 ou 250 km.

Daí aconteceu uma coisa um tanto quanto chata...
Estávamos com uma garrafa térmica no carro, que abastecíamos de água gelada, para hidratação no caminho.
Paramos em um posto, eu vi uma torneira e pedi à minha filha que enchesse. 
Pedi ainda, para que verificasse se estava bem geladinha e, eu e minha esposa entramos na loja de conveniência para comprarmos as primeiras iguarias regionais do sul: suco de uva e queijo colonial.
Então, chega minha filha aos prantos, porque havia queimado os dedos... 
Não viu que a torneira era de água quente e enfiou três dedos na água que acabara de abrir para ver a temperatura.
Coitada!
Mas, fazer o quê?!?
O aviso estava lá...
Só que deve-se levar em conta que, como o consumo do Chimarrão não faz parte de nossa cultura aqui em Brasília, não imaginaríamos mesmo que sairia água fervente de uma torneira em um posto de combustíveis...
O sofrimento foi apaziguado por uma pomada de mãe e um carinho de pai.
Pode não resolver, mas acalenta a alma!

Estrada novamente, vimos então passar Porto Alegre pela janela do carro e seguimos.
Pouco depois, por volta do meio dia, seguindo para Camaquã, estrada simples, pedagiada, movimentada pra caramba, alguns idiotas forçando ultrapassagem onde as coisas não estavam muito de acordo, vejo de canto do olho um posto, com um tanto de carros parados e uma placa "Casa das Cuecas"! 
Nem pensei duas vezes. 
No stress que eu estava com o movimento dei seta e entrei, mesmo sendo pela saída, visto que quase havia passado do local. 
Não imagine que tenha me dado uma vontade enorme de comprar cuecas naquela altura da viagem. 
Eu queria mesmo era me livrar dos sujeitos que estavam fazendo parelha comigo naquele instante. 
Então, raciocinei melhor e resolvi conferir o porque do grande movimento da Casa das Cuecas... 
Foi então que eu percebi que era o Restaurante Casa das Cucas, do qual eu jamais ouvira falar! KKKKKKKKKKKKK
Entramos e fomos almoçar e fomos muito bem surpreendidos pela simplicidade, qualidade, quantidade e ótimos preços dos pratos da casa. 
Uma salada de maionese, feita apenas com batata que nos encantou e uma parmeggiana com um bife tão grande e grosso que nos satisfez, sozinha!
Sim, os três, dividimos apenas um prato e saímos satisfeitos!!!
Compramos ainda uma Cuca grande, de Côco e com as bebidas a conta deu pouco mais de 50 reais!
Confesso aqui que armei a volta para podermos almoçar lá de novo!
É importante me fazer entender aqui, o valor que se dá ao acaso!
Creio que todos que viajam, seja pra onde for, sentem-se muito realizados ao encontrar uma novidade em seu caminho, uma surpresa, principalmente se for boa!
A comida não vai impressionar qualquer um que tenha o paladar muito apurado!
O valor é emocional!!!
E fomos!
E o calor estava de matar!
Em Camaquã-RS, 38 graus por volta das 15hs.
Em Pelotas, sequer paramos!
Comemos a Cuca no carro mesmo, com suco de uva quente, rumo da Reserva do Taim.
E então começou a chover!
Muito mesmo...
Andamos mais de 200 km embaixo de chuva.
Passando pelo Taim, ela deu uma trégua.
Então paramos!
Fomos ver a paisagem pós tempestade e, enfim, o passeio começou!

Bebemos suco de uva de novo, comemos queijo, o resto da Cuca, vimos as capivaras e o frio chegou!!!
Que sensação boa!
Da realização de uma vontade!
De uma ideia!

E então seguimos!
Fomos para o Chuí!
Chegamos às 18h40, em ponto!
Mesma hora que acenderam as luzes da água e do óleo no painel da Pajero...
Que merda!
Correias...
Arrebentaram às três, de uma só vez...
Parei na esquina, perguntei pra um senhor, proprietário de um hotel se ele sabia onde eu encontraria as correias.
Me mandou descer duas ruas e falar com o dono de uma loja que eu era amigo dele.
O outro camarada perguntou qual era o carro e me mandou descer mais duas ruas e falar com o dono de outra loja que eu era amigo dele.
KKKKKKKKKK
Comecei a achar engraçado essa coisa de teia de amizades e como se enfiam pessoas nela que não se sabe sequer de onde vem ou o que querem.
É bondade de coração, claro, mas naturalmente envolve riscos.
Fui na outra loja e o terceiro camarada da história não tinha.
Olhou o relógio e apavorou...
Você está hospedado em algum lugar?
Não, por quê?
Porque as lojas estão fechando e a cidade está cheia...
Dá pra dormir no carro?
Pensei... Lascou!
Faz assim, vá até aqui na esquina de baixo, lá tem uma retífica, veja se ele tem alguma coisa pra te ajudar, diga que você é meu amigo.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Em cinco minutos na cidade eu era amigo de praticamente todos os proprietários de lojas de autopeças e de um dono de hotel. Se eu me candidatasse, pelo menos o apoio de alguns empresários eu teria.
KKKKKKKKKKKKKK
Devaneios à parte...
O camarada da retífica, ao ouvir que eu era amigo de tanta gente, ligou imediatamente para alguém, e falou em castellano por 5 minutos.
Não entendi nada!
De repente, virou pra mim e perguntou: Qual é sua Pajero?
Respondi: Uma GLS-B 2.8, 99, modelo 2000, motor 4M40 à diesel.
Ele virou pro celular e falou: Una ponto oto!
Desligou e disse: O mecânico está chegando lá com as correias.
Sai pra voltar e pensei: Isso não vai dar certo!
Como é que eu vou fazer pra dormir no carro???
Fudeu foi tudo...
PQP...
E agora...
...

Cheguei lá e minha esposa já tinha achado um quartinho em um verdadeiro muquifo pra nós, sem nem ao menos ventilador. Disse que tinha andado pra todo lado e não tinha vaga em lugar nenhum, só nesse buraco...
Voltei pra contar pro dono do hotel o que tinha tentado resolver e o que tinha encaminhado.
Ele me alertou pra não deixar de combinar o preço antes do mecânico colocar a mão no carro.
Daí, me encosta uma Chana com um galegão dentro que desce com duas correias na mão.
O Capô estava aberto, já meteu a cara pra olhar as correias e me falou: A do Ar Condicionado também arrebentou!
Vai trocar também?
Eu, preocupado perguntei quanto era!
E ele disse: 28!
Dólares??? Perguntei assustado.
E ele: Não, reais, cada uma!
Colocada?
Sim!
Quanto dá???
84!
Faz 80?
Sim.
Reais?
Sim!
Então pode trocar!

Ele ia trocar de todo jeito!!!
Até se fosse 100 reais cada uma!
Creio que até uns 500 reais eu pagava...
Não tenho dinheiro sobrando não, mas eu ainda estava tão assustado com a história de dormir no carro, que não tinha processado ainda a informação do muquifo.
Sem falar que o carro dormiria na rua. Enfim, o desespero me faria pagar praticamente qualquer valor.
Quando o galegão terminou, dei cem reais pra ele.
Não tem trocado???
Eu disse: Não! Pode ficar com o troco!
Daí ele fez uma cara que até agora eu to tentando acreditar.
Como se eu tivesse feito algo de muito estranho e ruim...
Eu disse: O galho que você me quebrou não tem preço, estou te dando um dinheiro a mais pelo favor.
Ele recusou!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Encabuladíssimo, eu ri muito e falei pra ele que era eu quem não aceitava o troco.
Ele deu um sorrisinho sem graça, pegou na minha mão, agradeceu e foi embora.

Meu Deus!!! Acho que não dá nem pra comentar...
Meu anjo da guarda mostrou o tamanho da sua competência!
E, sim, o mundo ainda tem jeito!

Até aqui, contei a parte que se refere à estrada!
Depois conto o passeio e a volta!!!
Aguarde!!!!!!!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Eu acredito em chuva!!!

Lembro que os antigos falavam de uma água, que caía do céu e ora provocava estragos, ora trazia alegria e uma paz de espírito e renovação intensas...
Fala-se de um tempo em que todos não sangravam pelo nariz...
Era uma época em que homens não usavam batom, nem de manteiga de cacau...
Que os cotovelos eram lisinhos, mesmo sem estarem emplastados de creme...

Se você mora em Brasília e acredita que CHUVA existe, NÃO cole isso em seu mural, vamos só fazer uma intenção coletiva em função dela, que ela vem!
Tá chegando!!!
Eu to sentindo.
Acredite em chuva você também.
Nas atuais circunstâncias, deverá ser bem mais interessante que Papai Noel.