sábado, 21 de novembro de 2009

ORFEU


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Há muito tempo uma peça não alterava tanto minha vida quanto tem me afetado o Orfeu...
De todas as variações, de sentimentos e emoções, já passaram por mim...
A apresentação em si foi magistral.
Parece que só depois que a galera aplaudiu de pé, que eu realmente me dei conta do que fizemos.
Foi mágico, estupendo, espetacular, inesquecível...
Acho até que faltam adjetivos para poder colocar aqui tudo o que senti.
Falando do processo, pra que todos saibam, vou contar o seguinte.
Há um bom tempo atrás (nem sei quando, mas sei que foram por volta de uns 10 anos atrás), desde que ouvi a história do Orfeu, me encantei.
Sabia que tinha que usar aquilo pra alguma coisa.
Daí, no Neoclassicismo, apareceu uma imagem e a história começou a ser repetida por mim, em sala, sempre da maneira mais idiotizada possível (É, faço graça com tudo o que gosto!!!).
E a história sempre é uma das minhas preferidas, pra contar, pra ver as reações, pra me divertir e divertir os outros, informando e ensinando.
No começo do ano, a Cláudia pediu que fizéssemos um musical, que ela achava que seria de grande importância para o grupo, por conta das inúmeras comédias que já estavam dando a cara do grupo há um bom tempo.
E eu retruquei...
Todos sabem que eu detesto musicais, nunca escondi mesmo.
Mas eu sou assim, nego pra mim primeiro, pra depois enfrentar e ver as possibilidades.
Falei com a Alana das ideias e ela, como sempre achou o máximo e falou por uns 15 minutos, um tanto de coisas, que eu nunca sou de prestar atenção assim de forma muito exagerada, pra não perder a linha nem a cabeça.
É que a Alana pensa alto e não pensa antes de falar.
O pior é ver que o pensamento dela é meio/muito desordenado, mas geralmente genial.
Viajei pro Mato Grosso do Sul, pra uma pescaria que há muito tempo fez parte de muitos dos meus sonhos de consumo, mas que por agora, não me toca mais como antes (Ah, como o mundo e o tempo mudam a gente!!!).
Por lá falei com minha mãe, com o Claudiney e com a Nana, sobre as ideias e intenções a respeito do Orfeu.
Cozinhei a história por um bom tempo...
Devagar, com muito cuidado, precaução total.
Acabou o recesso de julho e eu resolvi escrever.
Já dava!!!
A coisa foi fluindo.
Percebi, por várias vezes, que em alguns momentos, eu mais dirigia a peça que escrevia o texto.
Mostrei pra Alana, pro Caio e pra Tay.
A história da Tay ter saído da escola após ter passado no vestibular da UNB me deixou por muitas vezes baratinado.
As outras meninas que me desculpem, mas eu não via solução dentro do grupo que havia ficado.
Fui conversando com o Enéas e ele, assim como eu esperava e precisava, autorizou a Tay de continuar com a gente.
Faltava só ver o que ela ia pensar disso.
Graças a Deus, ela topou continuar e eu dei pra ela o papel da Eurídice.
O Caio, desde sempre, era o meu Orfeu, não tinha a menor dúvida disso.
Eles leram o texto e, tirando a Alana, duvido que tenham imaginado algo próximo daquilo que eu pensava.
Daí, a Alana começou a me bombardear.
As ideias vinham desordenadas e o filme, Orfeu, se tornava, em alguns momentos, um fantasma. Umas correções, umas introduções e umas alucinações depois, a coisa já estava bem mais clara.
Dividi o texto, entregando os papéis e via muitas insatisfações no grupo, principalmente porque alguns personagens estavam nas mãos de pessoas que muitos não conseguiam perceber e entender a qualidade e importância.
Essas coisas de ego e vaidade são por demais complexas e elas podem até mesmo por tudo a perder...
Mas graças a Deus e ao bom senso de todos, nada desandou a ponto de atrapalhar.
Então veio a “temporada” de deixar a cargo da Alana, que as coreografias fossem realizadas.
E foi um trabalho monstro.
A Magrela se superou.
“Fumou um cigarrinho do capeta, uma marrafa”, sei lá o quê, e criou a coreografia mais viajante que aquele auditório jamais ousou ver...
Caramba...
Pelo menos, um final eu já tinha (apesar da Alana achar que ela era o começo!!! KKKK) !!!
Assim passou-se o infantil, que a Alana levou bravamente e praticamente sozinha (não porque eu não quisesse ajudar, ela é que não me deixou mesmo!!!) e chegou a hora de pegar muito firme, no Orfeu.
Algumas coisas já haviam andado e acho que se não tivessem ocorrido antes do infantil ser apresentado, a peça Orfeu, não existiria:
- coreografias, bêbados, Luiz (Carniça), músicas (escolhidas pelo menos), cena do fogo (aliás, que a intenção ficou ótima na sala de artes e uma desgraça em 95 % dos ensaios, só voltando a prestar de novo na primeira apresentação! Temos que consertar isso!!!).
Mas, uma coisa me assustava bastante.
Tinha gente demais...
A gente tinha trabalhado na Máquina, com metade do povo que a gente acabou por fazer o Orfeu.
E olha que eu me acabei de "stress" com o povo da Máquina, hein!!!
Imaginava que ia ser foda...
Nem foi tanto...
Ainda bem!!!
Desde que eu escrevi o “JJ”, eu tinha certeza de que era para o Yuri, nunca tive dúvidas. Precisava da “figura” dele pra ganhar o público.
Deu muito certo!!!
O Luiz Dantas, pra mim, era um dos “bêbados”, assim como o Guilherme, mas a Alana (sempre a porra da Alana!!!) empacou minha cabeça...
A gente não sabia se a peça iria funcionar e precisávamos cuidar dos excessos.
Luiz e Guilherme, juntos, poderiam roubar a cena com os bêbados e poderiam, sem querer, acabar com a peça, tornando-se o quadro mais esperado dentro de toda uma “chatura melodramática”.
Daí veio a intenção de comprar a briga com o público:
o Luiz ia fazer um personagem sério, pela primeira vez e ia ser foda (e como foi!!!).
A escolha da Brenda pra Cirene também foi de lascar.
Eu sempre “paguei” a fidelidade das pessoas do grupo com bons papéis, mas não conhecia a Brenda e morria de medo dela largar o texto no meio do nada.
Sempre com o rostinho encantadoramente disposto, me passava confiança, mas esse tipo de adjetivo não se mede apenas por um rosto.
Apostei muito alto e deu certo...
Como sou sortudo!!!
KKKKKKKKKK
Obrigado Brenda, por não ter nos decepcionado!!!
Muita gente ficou assim, meio sem papel...
Isso me angustiava muito, mas que tipo de solução havia para se montar uma peça, com 30 pessoas no palco e todos terem um “papel” de verdade?!?!?
Não sei ainda, tá!!!
Essa pergunta pra mim não está, em nada, respondida.
Só sei que fizemos!!!
Continuando!
Daí, em uma tarde, marcamos muito da peça, foi ao mesmo tempo impressionante e também um presságio de que ficaria menor do que imaginávamos, porém naquela altura dos fatos eu ainda não tinha percebido isso.
E todos foram achando seu lugar...
A Laryssa, por exemplo, só precisa cuidar melhor da chance que eu dei pra ela...
Tem horas que, nitidamente, dá aquela embromada, nas narradoras.
Tudo bem, eu entendo, pegou o papel de última hora, mas precisa melhorar e parece que estacionou.
Aliás, parabéns pra Luíza e pra Lethícia.
Pessoas que assistiram a peça me pediram pra trocá-las de lugar, porque elas estão falando no mínimo o dobro mais alto que a Bárbara e a Laryssa e deixam o lado esquerdo forte e ridicularizam o lado direito do palco, o que é, horrível!!!
Vamos resolver isso segunda, sem falta!!!
A Paola ficou meio perdida e sub utilizada no todo, mas conseguiu arrumar seu espaço e aparece na peça.
Só tem um problema...
(Lá vem!)
Na primeira apresentação, na cena do fogo, eu tive a impressão que ela gritaria GOOOOLLLLL, a qualquer momento!!!
Vai falar rápido assim lá na Radio Globo AM!!!
Cuide disso Paola, está muito bom, só que velocidade, atrapalha, tá!!!
O Léo tem sido pra mim, nesses últimos dias, uma montanha russa de tudo o que vocês puderem imaginar...
Os papéis eram demasiadamente complexos e eu e Alana, inseguros com a inconstância do Luiz, acabamos por atrapalhar ele na composição dos personagens.
O episódio do cigarro me enervou como há muito tempo algo não me enervava naquele grupo.
Mal sabia eu, o que ainda estava por vir...
O problema da suspensão, por muito pouco, não ferrou com tudo.
E apesar da compaixão do Émerson, da Alana, da Cláudia, do Luiz Felipe (da coordenação), do Carlão, do Enéas, enfim, de tudo, parece que a lição não serviu muito.
As pessoas, às vezes, parecem só perceber o valor das coisas, quando as perdem...
(Acho que vocês estão voando... segunda-feira eu explico melhor!).
Torço por você Léo, só não posso fazer muito dessa vez...

Vamos esperar o tempo agir e acreditar que Deus existe...
Enfim, o Leo achou o caminho dos personagens!!!
Provavelmente, só no último ensaio, o Hades veio a ele.
A composição de grupos estava ficando realmente interessante:
-as crianças, com o Luiz Caetano, a Julinha e o Yurizinho estavam magníficos (com a Julinha sempre muito esforçada e o Luiz tentando se livrar do Batman-Robô-Negro);
-os bêbados com o Marcus fazendo escada pro Guilherme e compondo um grupo harmônico e importantíssimo pra aliviar o stress dos momentos tensos da peça;
-os maconheiros, coitados, todos tão branquinhos, o núcleo classe-média do Art’ncena, muitos sub utilizados por mim, fazendo o início da peça de forma extremamente importante para a compreensão do sentido que estávamos dando ao espetáculo e fazendo a escada pro Luiz Dantas dar o primeiro recado, ao tipo de atuação que havia vindo realizar;
- os "manos" do Adson precisavam de algo mais marcado e os meninos da dança aparecem de forma respeitosamente interessante na peça, cuidando pra não se destacarem demais, mas ao mesmo tempo, mandando maravilhosamente bem seu recado;
- as narradoras, compondo o grupo sobrenatural com a Nathália, ficaram estupendas, visualmente interessantes e sobrenaturais mesmo;
- a banda, dando um tom, até então, impensado por nós no grupo, interessantíssimo e creio, indispensável de agora em diante; agradecimentos realmente sinceros ao Lui, Thevenard, Cainan, Ernesto e Fiat. Pessoas com as quais sempre quis trabalhar, mas que, por inúmeras razões (já que são inúmeras pessoas), nunca tinha dado certo. (Fiat: espero ter me redimido da atitude do 1º semestre, que eu não descarto, mas que prova pra nós dois que as coisas podem ser melhores quando há respeito entre as partes; Ernesto, sempre senti sua falta no grupo e nunca entendi direito sua saída, mas valeu mesmo por ter voltado, nem que tenha sido pra bater um tambor.. KKKKKKKKKK)
- o Caio, a Tay e a Cirene fazendo muito bem sua função com algumas distorções de atitudes e alguma incompatibilidade com o texto, porém, tenho que admitir que a culpa é minha.
Visualmente a peça tem cenas encantadoras: o fogo que arde e balança diante dos rostos de vocês é simplesmente magnífico...
O homem sempre teve verdadeiro deslumbre pelo arder de uma chama...
A cena em que o inferno se compõe, com máquina de fumaça, é linda demais, a mais bela da peça (em termos visuais!!!).
Como nem só de visão vivem os sentidos do homem, acreditem, os cheiros e os sons (diferentes) também tem seu devido espaço no contexto da peça: querosene queimando, pólvora, máquina de fumaça, bombas, tambores, tudo deixa os sentidos alertados.
Mais elementos de emoções variadas na memória do público.
As músicas são um caso a parte!!!
Graças a Deus, todas se encaixaram muitíssimo bem...
"Como uma deusa"!!! Tay!!!Caramba!!!
"Tá chegando a hora" e o pau quebra dali em diante!!!
"Os bons morrem jovens" arrepia...
E olha o encantamento do palco: em determinado momento da peça, eu e a Alana lá atrás, uma menina vira pra outra e diz ”esse muleque canta muito hein!?!?”
Muito interessante né!!!
Mas, coitadas, deveriam entrar logo na fila...
O Caio, pelo menos nessas duas próximas semanas, vai ser o gato da escola...
E tem gente na fila que eu sei!!!
(KKKKKKKKKKK -------- esse espaço seria para colocar nomes, mas fiquei com dó!!! KKKKKKKKKK)
A galera da banda meio que se empolgou com as músicas e precisam cuidar: pelo menos duas vezes estavam fora do ritmo e “fuderam” com “Os bons morrem jovens” da primeira apresentação, né Fiat?!?!?
O pessoal da técnica é caso de amor e ódio...
A Isa acertou em tudo o que podia pra peça, mas errou feio ao inventar uma homenagem antes da hora pra galera do 3º ano.
A situação foi uma das mais estressantes que eu já tive no grupo, antes de uma apresentação nossa.
É como se comemorássemos o gol antes dele acontecer...
Como se chamássemos de namorada, a menina que a gente ainda ia pegar, na festa de sábado, já na terça...
É como se passássemos mal, antes de comer a maionese, do aniversário do primo...
E vocês se descompensaram, muito!!!
Na primeira apresentação, fomos muito bem de energia, mas na segunda, deixamos cair muito, mas muito mesmo...
O termômetro foi a mulherada chorando demais no final da primeira e nada disso se repetindo na segunda...
E pra minha cabeça, tudo por conta da falta de concentração e da comemoração antecipada e desnecessária...
Mas tudo bem...
Salvaram-se todos...
Só não quero que nada disso se repita!!!
Nunca mais!!!
Pelo amor de Deus!!!
A “dupla de dois”, do som, parece que não se contenta em fazer os outros brilharem.
Resolveram "brilhar" também"...
Aparecer!!!
O mesmo erro, desnecessário, repetindo-se no mesmo lugar, nas duas apresentações, foi foda...
É como a vaca que produz 50 litros de leite e depois chuta o balde...
Vocês serão perfeitos quando ninguém perceber que estiveram lá, acreditem em mim!!!
Eu sei disso porque comentaram dos erros de vocês.
Então jamais se deixem levar pelo: “Ah, quase ninguém viu!!!”
Nesse ponto do texto vou colocar uma frase que serve, pro Mateus e pra mais um bocado de gente, meio aleatória mas ao mesmo tempo importante pro meu papel de professor no grupo:
“A pior coisa que um adolescente pode fazer, é achar, infantilmente, que um adulto é idiota!”
(Pensem, reflitam, entendam!!!)
Por fim, como o texto é meu, quero falar da Nana, mas, por favor, se vejam todos aqui.
O que vou escrever pra ela, creio que é o que muitos dos pais de vocês, e o meu lado pai, de cada um, gostaria de dizer.
No meu caso, um pai que sempre criou peças, ideias e intenções em apresentações , pra filha que tem e pra mulher que me ajudou a colocá-la no mundo.
Então é o seguinte:
“Meu trabalho é digno, bem recompensado financeiramente e pesado.
Faço com a certeza do acerto por conta da vontade de acertar.
Faço com o vigor do cavalo que puxa a carroça ladeira acima, sem saber quando ela acaba.
Faço com fé, coragem e coração.
Creio no sucesso de quem se entrelaça a minha força...
Isso me rege!!!
Ver um filho brilhando, acertando e acreditando em algo de valor, enche qualquer criatura desse mundo de satisfação e orgulho.
Você brilhou muito!!!
Fazendo quase nada, pra sua cabeça ainda repleta de sonhos!!!
Mas você foi linda!!!
Digna!!!
Majestosa!!!
Tudo de mais perfeito pra cabeça de um pai que sabe que é exemplo e ídolo de uma filha maravilhosa!!!
Sou escada para você!!!
Aproveite de mim, sempre!!!
De minha experiência, de minhas loucuras, de minha emotividade tragicômica, de minha racionalidade cruel, de minhas idiotices, de minhas genialidades, de meus excessos e de minhas sutilezas...
Pra copiar, quando valer a pena ou pra evitar repetir erros!!!
Enfim torne-se o que você quiser ser, estarei aqui pra ajudar você a conquistar cada ponta de sonho!!!
Pra apaziguar o coração em cada desilusão, desapontamento ou fracasso, porque a vida também é feita deles.
Brilhe muito,
no Corínthians,
onde você quiser.
Faça como Orfeu, vá até o inferno atrás de sua glória!!!
Papai vai estar sempre por perto!!!
Um beijo cheio de orgulho, carinho e satisfação”
Encerrando,
quero agradecer a todos!!!
Todos mesmo!!!
Não só vocês do palco, mas a escola inteira!!!
Acreditaram em nós!!!
Compraram com a gente a vontade de acertar!!!
Desprezaram problemas e erros pequenos...
Não quiseram perceber os destemperos!!!
Deram a nós um crédito, de brilho intenso, majestoso, divino!!!
Por um momento, nos autorizaram a sermos, “Deuses”!!!
Deuses espetaculares!!!
Fiéis à causa que tornaram sua!!!
Cientes da capacidade competente que mostraram!!!
Deuses que gravaram em suas memórias e nas nossas, algo, que jamais, nada apagará...
Valeu, tudo valeu!!!